Limiar anaeróbio, você sabe usar?

27/out 08:00
Por Prof. Luiz Carlos Moraes

No ciclismo, nas etapas de montanha, alguns atletas coordenados pelas equipes tentam chegar ao alto com estratégias diferentes. Enquanto alguns vão dando pancadas (tiros) pedalando em pé, se revezando, e protegendo seus capitães, outros escolhem uma velocidade constante pedalando sentado na mesma cadência e potência nos pedais. Esse é o ponto. Os que vão dando tiros não aguentam muito tempo porque o corpo começa acumular lactato e precisa recuperar.

O atleta que escolheu manter a maior velocidade possível, porém, constante, no final dá uma “pancada” e fatura os pontos da montanha. Na corrida de rua acontece algo similar porque é a mesma Fisiologia. O maior tempo possível de sustentação de determinada velocidade depende do VO2 máximo e principalmente o maior percentual de utilização desse VO2 máximo que de forma simplificada se refere à quantidade máxima de oxigênio que o corpo consegue captar, distribuir e absorver.

Percentual de utilização é traduzido como Limiar Anaeróbio, que é o ponto onde o corpo começa a ter dificuldade de remover o lactato sanguíneo, “travando” por assim dizer, o corredor. Não basta ter VO2 Máximo alto. O Limiar Anaeróbio e a Economia de Corrida são fatores determinantes. Saber usar o limite máximo do seu Limiar Anaeróbio (segundo exemplo do ciclista) talvez seja a tarefa mais difícil até para corredor experiente, porque toda vez que dentro da prova você passa desse ponto, acumula lactado que o corpo não consegue remover até o fim da prova, a menos que diminua muito o “pace”.

De uma forma ou de outra perde-se tempo e a corrida. Tudo isso pode ser medido em testes de laboratório. Entretanto, pela minha experiência de 55 anos na área, o melhor laboratório são as provas de rua. A rua é a melhor escola com os erros e acertos.

**Literatura Sugerida: DA SILVA, Sarah Regina Dias, et all. Efeito da fadiga muscular na biomecânica da corrida (2007).

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