Lincoln Portela, da bancada evangélica, é eleito vice-presidente da Câmara
A Câmara elegeu nesta quarta-feira, 25, o deputado Lincoln Portela (PL-MG) para a vice-presidência da Casa, no lugar de Marcelo Ramos (PSD-AM), destituído do cargo pelo presidente Arthur Lira (Progressistas-AL) na última segunda-feira, 23. Foram 232 votos a favor do parlamentar, que é integrante da Frente Parlamentar Evangélica.
Lincoln foi indicado pelo PL, que contrariou orientação do presidente Jair Bolsonaro. Como mostrou o Estadão/Broadcast, Bolsonaro queria emplacar o deputado Major Vitor Hugo (GO), pré-candidato ao governo de Goiás.
O presidente foi avisado pela cúpula do PL, no entanto, de que o parlamentar não teria apoio suficiente para ser o nome do partido e teve de recuar, segundo apurou o Estadão/Broadcast.
O impasse entre bolsonaristas deflagrou uma crise na base aliada. Um setor importante do PL já vê interferência excessiva de Bolsonaro nas articulações partidárias, controladas pelo presidente da legenda, Valdemar Costa Neto.
Apesar da indicação de Portela, os deputados Flávia Arruda (DF), Capitão Augusto (SP), Fernando Rodolfo (PE) e Bosco Costa (PL-SE) também concorreram ao cargo de forma avulsa, mas não obtiveram apoio.
Portela se encontrou na quarta-feira com Bolsonaro e com o presidente da bancada evangélica, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), que sustentou o nome do deputado para o segundo maior posto de comando da Câmara.
Também hoje, o deputado Odair Cunha (PT-MG) foi eleito 2º secretário da Mesa Diretora da Câmara e a deputada Geovania de Sá (PSDB-SC), que também integra a bancada evangélica, 3ª secretária.
Na segunda-feira, 23, Lira destituiu Marcelo Ramos (AM) da vice-presidência por ele ter migrado do PL para o PSD. O parlamentar atribuiu a perda do cargo a uma pressão do Palácio do Planalto. Ao Estadão/Broadcast, o presidente da Câmara negou e disse que a decisão foi regimental. “Os três deputados que mudaram de partido saem. Ele não é diferente dos outros, não”, afirmou Lira.
As deputadas Marília Arraes (PE) e Rose Modesto (MS) também foram destituídas. Elas ocupavam a 2ª e a 3ª secretarias, respectivamente. Marília trocou o PT pelo Solidariedade e Rose, o PSDB pelo União Brasil.
Para tirar Ramos da vice-presidência, o PL entrou com ação judicial pela troca de partido. O deputado, então, foi ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para garantir sua permanência no posto. Ele chegou a conseguir uma liminar a seu favor. No entanto, o ministro Alexandre de Moraes suspendeu a decisão e permitiu que o Legislativo decidisse sobre a composição da Mesa Diretora.
Após deixar o PL com aval do presidente do partido, Valdemar Costa Neto, para que mantivesse o mandato de deputado, Ramos se filiou ao PSD, em 9 de fevereiro. “Seria um constrangimento para o presidente (Bolsonaro), para o partido, ter um dos seus membros criticando o presidente vez por outra. E seria por outro lado um constrangimento para mim ser filiado ao mesmo partido de um presidente que eu não acredito que seja o melhor para o futuro do nosso País”, disse Ramos, ao anunciar a desfiliação do PL.