Livre-arbítrio

05/07/2023 08:00
Por Fernando Costa

Hoje, pela manhã, visitei meus arquivos e dentre os alfarrábios encontrei um texto onde estava escrito que um sábio enumerou várias palavras com a mesma quantidade de letras a nos lembrar, “a vida possui dois lados à livre escolha”. Pincei algumas, “ad argumentandum tantum”. O “ódio” possui quatro letras, o “amor”, também. A “mentira”, exatamente sete letras, assim como, a “verdade”. “Chorar” possui seis letras, mas, “sorrir” contém o mesmo número. A palavra “mal” se compõe de três letras e o “bem”, idem. Coincidências a nos convidar a uma reflexão. Convenhamos, a existência se torna mais amena e menos árida se deixarmos espargir a luz, os bons eflúvios e a energia positiva. Por que viver em subterfúgios? Cristo pontificou: Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará. Há momentos em choro, dor, alegria, tristeza ou saudade. É a elocução de nosso sentimento, pior se essas lágrimas forem de arrependimento. Mas, a vivência é, também, pontilhada em amor. Se eu posso propugnar pelo bem, por que a maldade? Passamos pela etapa infantil, juvenil e adulta. A primeira fase é a inocência onde o mundo é feito de sonho e doce como a “Casa de João e Maria” dos contos infantis dos Irmãos Grimm. As paredes feitas em chocolate e geleia a alimentar a alma pura e ingênua … Depois a fase jovem, onde a pele qual pêssego, os músculos tenros, a disposição e a lucidez florescem acenando para um futuro onde tudo reluz. Nesse período não nos preocupamos com hemoglobina glicada, colesterol ou pressão arterial. Nesse estágio se cogita em conquistar o mundo, ir à Europa, África, Américas do Norte e do Sul, ao Oriente… Planeja o automóvel ultimo tipo; sol, mar e amar. Se o destino lhe preparou conforto familiar e sólida condição econômica a faculdade estará garantida, se o nível acadêmico for a opção, além de possibilitar bons concursos e estabilidade. Nessa fase, salvo honrosas exceções, não há tempo a pensar no Criador, em fé, orações e aprimoramento espiritual. Muitos prosseguem nesse diapasão e atravessam o período em paz. Outros não estão preparados às adversidades, doença ou declínio. Infelizmente alguns seguem direções contrárias aos princípios éticos e, daí, são penalizados. Outros provocam desequilíbrio familiar e social e ganham as ruas e a solidão como recompensa. Liberdade e livre – arbítrio não se confundem. A primeira, preciosa conquista, tem a expressão do mundo externo e a segunda, o interior do indivíduo. Cada pessoa tem suas convicções. Em meu universo particular me sinto bem em orações, elas me acalmam porque não estou isento das preocupações e insegurança. Por isso, meditar é de providencial relevância, se houver uma formação agnóstica ou cética, mas, souber conviver bem com elas, parabéns. Se necessitar de um aconselhamento médico, terapêutico, psicológico, psiquiátrico, espiritual ou religioso, busque-os, mas, viva intensamente. Esteja consciente de que o tempo é célere, a pele um dia estará enrugada, a disposição, a audição, erudição e os cabelos não serão os mesmos e será preciso serenidade para aceitar mais essa etapa. Somos alertados no transcurso dos dias de que estamos aqui de passagem, no entanto, o cuidado com o nosso físico é de suma importância, pois, ele não nos pertence. Nem sempre nos apercebemos de que a vida é um dom de Deus e fomos criados para sermos felizes e, é preciso querer ser feliz! Livrar-se das amarras do preconceito e não se perder em buscar definições para a vida, mas, viver intensamente. Felicidade é a consciência tranquila do dever cumprido. É dormirmos em paz, ante as tarefas e atribuições a nós confiadas. É crermos em Deus, Pai, Filho e Espírito Santo sob intercessão da Virgem Maria, símbolo de despojamento e bondade. Bendigamos a chuva, o frio e o sol! Reconheçarmos que até as lágrimas e a dor são capazes de lustrar nossas almas. É mais ser do que ter, pois o que adiantaria o ter se não houvesse sentido ao existir? Concluo estas reflexões e recorro a Manoel Bandeira através da poesia Consoada arquivada no escrínio do coração. Assim diz: “Quando a Indesejada das gentes chegar (Não sei se dura ou caroável),Talvez eu tenha medo. Talvez sorria, ou diga: — Alô, iniludível! O meu dia foi bom, pode a noite descer. (A noite com os seus sortilégios.) Encontrará lavrado o campo, a casa limpa, à mesa posta, com cada coisa em seu lugar.” Amém.

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