LNCC sedia colóquio com filho do artista plástico Candido Portinari
O que acontece quando ciência e tecnologia andam lado a lado com a cultura e a arte? Pois foi a partir desta união que o professor João Candido Portinari, filho do artista plástico Candido Portinari, promoveu a organização e consolidação do Projeto Portinari, que tem como missão o resgate e a divulgação do legado deixado pelo artista. O tema foi discutido em colóquio promovido nesta segunda (17) no LNCC, no Quitandinha.
Dividido em três partes, o evento, que reuniu pouco mais de 120 pessoas no Laboratório Nacional de Computação Científica, abordou desde a vida e obra do artista, ao seu falecimento e consequente surgimento do Projeto Portinari – que nasce diante da falta de catalogação do acervo do pintor cuja maioria das obras – 95% – pertenciam a acervos particulares.
“Foi um projeto que surgiu no departamento de matemática da universidade. Acredito que projetos interdisciplinares sejam extremamente fecundos. Eles trazem novas possibilidades, experiências, métodos, conhecimentos e isso tem um proveito enorme. Você casar esses olhares vindos de universos diferentes é muito importante”, diz o diretor do projeto, o engenheiro de telecomunicações João Candido Portinari.
Em 40 anos, o projeto já promoveu o levantamento de 5.300 pinturas, desenhos e gravuras atribuídos ao pintor, assim como de mais de 25 mil documentos sobre sua obra, vida e época – disponíveis no site da iniciativa. Atrelado aos estudos na área da inteligência artificial, o programa emprega, ainda, o chamado “Projeto Pincelada”, que reconhece padrões e auxilia na pesquisa de autenticidade das obras.
Para Augusto Gadelha, diretor do Laboratório Nacional de Computação Científica, a iniciativa evidencia a onipresença e importância do emprego matemática nos diferentes campos do conhecimento. “O estudo da pincelada é maravilhoso e isso é matemática pura. O João é um matemático, alguém que utiliza a ciência e a tecnologia para dar suporte a toda a questão da arte, de reconhecimento de valores”.
E por falar em tecnologia, durante o colóquio, que durou pouco mais de 1h30 – foi anunciada, ainda, a parceria recém-firmada entre o projeto e a ferramenta Google Arts & Culture, que disponibiliza gratuitamente, dentre outros recursos, a visualização das obras de Portinari com zoom e a visitação da sede da ONU, em Nova Iorque, onde estão expostos os painéis Guerra e Paz.
Para o professor João Candido, abordar o tema, acima de tudo numa instituição de ciência e tecnologia, é uma grande alegria. “Esta é a quarta vez em que palestro no LNCC. A última vez foi há 25 anos. É como se eu estivesse voltando para casa, sabe? É claro que a frente de um projeto com as características do Projeto Portinari fiquei um pouco afastado disso, mas minha casa sempre foi a comunidade científico-tecnológica”.