‘Lockdow parcial’ chega após a CastroFolia em Petrópolis, festinha que todo político nega que foi convidado
No dia em que o Estado do Rio alcançou a marca de 700 pessoas na fila por UTI o governador interino Claudio Castro faz uma festinha de aniversário. E advinha onde? Tinha que ser em Petrópolis. Foi na casa que ele aluga, em Itaipava. Um desrespeito com os 673 mortos pela covid na cidade e os mais de 300 internados e seus familiares. E ainda quando a cidade ultrapassa 93% dos leitos UTI pelo SUS ocupados.
O Paes tinha razão
O governador emitiu nota oficial dizendo que não seriam 12 carros em sua porta que teriam trazido os convidados, mas apenas oito e o restante teria transportado seus seguranças. Mas estes foram os carros do lado de fora, sinal de que o terreno já estava cheio… Mas, ainda que fosse oito carros, já dá aí umas 32 pessoas na festa. Por baixo.
Mas e os convidados?
E aí, ficamos pensando: mas se a festinha foi em Petrópolis teriam sido convidados políticos locais como o prefeito interino Hingo Hammes, candidato declarado de Castro nas eleições suplementares? Mas, Hingo disse que não foi convidado. A galera da política que poderia ter sido convidada já foi logo anunciando que não. Melhor queimar o filme se mostrando desprestigiado do que ser flagrado tomando Itaipava com o Castro.
Vieram pelos céus!
E matutamos também: como os convidados passaram pelas barreiras sanitárias, porque não foi com voucher da Rua Teresa, né? E aí pimpa: helicópteros! Na tarde de domingo pelo menos uns oito pousaram no Hotel Vale Real, não necessariamente para ir à festa de Castro, é bom frisar, mas a movimentação nos céus dos distritos tava boa.
Dava tempo de mostrar serviço
Mas, ainda sobre o assunto: se as primeiras publicações deduraram a festinha ainda à tarde, domingo, publicamente, viralizando nas redes sociais, porque a prefeitura não foi lá com a SSOP fiscalizar e acabar com a aglomeração? Porque apenas o condomínio vai ser autuado?
A gente desanima com o brasileiro. Ontem no drive-thru da vacinação no Bingen, teve os espertinhos. Como lá também pode vacinar pessoas que chegam a pé quem foi de carro e viu que a fila tava grande em comparação a fila dos que estavam a pé, estacionou e entrou nessa. Ocorre que o imunizante é aplicado de forma alternada: um pra quem tá de carro e outro pra quem tá a pé. Aí quem estava na fila desde às 8h demorou mais.
É dose!
Agiu sozinho
Pela primeira vez o governo municipal não ouviu os técnicos e especialistas que indicavam medidas mais contundentes de restrição de decretou dia 26, aquele feriadão meia boca. E olha que individualmente eles colocaram sua posição assim como se manifestaram publicamente os ministérios públicos e o Conselho Municipal de Saúde. Dá mesma forma que os hospitais particulares, já colapsados. A gestão provisória de Hingo Hammes apostou que os casos iriam baixar com o CastroFolia, o feriado meia boca do governo Estado e seguiu essa linha.
Briga de foice
Antes de decidir pelo lockdown parcial o prefeito interino Hingo Hammes se reuniu com os empresários ontem. Para apresentar as medidas mais restritivas. E o pau quebrou. Ali da calçada da Avenida Koeler dava para ouvir os gritos.
Vai custar caro
O preço político da mancada é incalculável. Os prefeitos do Rio, Eduardo Paes, e de Niterói Axel Grael, foram um pouco mais duros e nestas cidades é quase um lockdown. Eles contrariaram a linha de Claudio Castro, governador fluminense alinhado com Bolsonaro. Já os demais prefeitos, como Hingo Hammes, que preferiram se escorar no Estado, pisaram na bola.
Contagem
Petrópolis está há 89 dias sem prefeito eleito pelo povo.
Previsão sombria
E agora pagaremos um preço alto: os mesmos especialistas que o governo deveria ter ouvido alertam que daqui a quinze dias haverá a explosão de casos daqueles que estão se contaminando agora. Ou seja, custa caro politicamente – o que é o de menos, a gente nem liga – mas custa muito caro para a população perdendo vidas, esperando leitos.
Pra inglês ver
E a prefeitura jura de pés juntos que fiscaliza as entradas da cidade – além das quatro onde existem barreiras sanitárias. É uma fiscalização, segundo eles, volante. Por baixo são mais de umas 20 entradas, mas pegando umas mais conhecidas, ficamos com oito. E nestas, a prefeitura já embarreirou o total de 0 carros. Repetindo: 0 carros, um número divulgado pela própria prefeitura.
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