Lula convoca Márcio França e Wellington Dias na véspera da ‘degola’ por reforma ministerial

30/08/2023 20:51
Por Caio Spechoto e Sofia Aguiar / Estadão

Na reta final da já anunciada reforma ministerial para abrigar nomes do Centrão no governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou para conversas dois dos cotados para perder posto e poder. Lula chamou o ministro dos Portos e Aeroportos, Márcio França, para acompanhá-lo no avião presidencial em viagem para o Piauí.

Eles embarcam na quinta, 31, pela manhã. Lula vai ao Piauí para lançar o programa Brasil Sem Fome.

Outro convidado é o petista Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento Social. Ele também deve perder a Pasta nas mudanças que o presidente pretende fazer em seu governo. Lula busca ampliar apoio no Congresso e, por isso, decidiu fazer trocas no primeiro escalão para atender a cobiça por cargos de integrantes do Centrão.

Há duas semanas, o presidente disse ao ministro dos Portos e Aeroportos que não havia nada decidido. No avião, terá tempo para conversar novamente com o ministro. A saída de França do Ministério dos Portos e Aeroportos é dada como certa pelo entorno de Lula.

Ele deverá ser deslocado para a pasta de Ciência e Tecnologia ou para o novo Ministério de Micro e Pequena Empresa. Seu atual cargo deverá ser assumido pelo deputado Silvio Costa Filho (Republicanos-PE).

Já Wellington Dias deverá assumir um novo ministério voltado ao Bolsa Família para Lula poder entregar o Desenvolvimento Social a outro partido. É provável que o Benefício de Prestação Continuada também fique sob a administração de Dias.

Quem deve assumir o Desenvolvimento Social, que deve ter o nome alterado, é o deputado André Fufuca (PP-MA). Ele é próximo do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do presidente do PP, Ciro Nogueira. A pasta interessa a esse grupo por causa de sua capacidade de executar emendas do orçamento da União.

Na terça-feira, 29, o presidente da República anunciou em sua live semanal que criará o Ministério da Micro e Pequena Empresa. A expectativa era que Lula resolvesse a reforma ministerial até sexta-feira, mas a decisão já foi adiada diversas vezes e pode ficar para a próxima semana.

Lula, que já tem 37 ministros, pode igualar o número da gestão de Dilma Rousseff, e passar a 38 ministérios.

Caixa na fila

A entrega de cargos do Executivo federal para aliados do Centrão inclui também estatais. A Caixa Econômica, um banco público, está na lista. Como revelou o Estadão, a deputada Margarte Coelho (PP-PI) está cotada para assumir a presidência da instituição financeira, apesar de ter feito campanha aberta para Jair Bolsonaro.

A ex-deputada federal participou de eventos ao lado da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e de outras apoiadoras do ex-chefe do Executivo. Atual diretora financeira do Sebrae, ela tem o apoio do presidente da Câmara para chefiar o banco estatal.

Servidores da Caixa se opõem à indicação da deputada e sustentam que ela não preenche os critérios técnicos para assumir a direção do banco. Segundo a Coluna do Estadão, servidores preparam um texto apontando que Margarete não tem dez anos de experiência no setor público ou privado na área de atuação da empresa da empresa pública; não tem quatro anos de experiência em cargos de direção ou de chefia superior em empresa de porte ou objeto social semelhante ao da Caixa, entre outras exigências da Lei das Estatais.

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