Mais do mesmo?
Não me refiro às pessoas físicas, com as quais convivemos todos os dias. Quero cuidar nestas linhas das figuras públicas de políticos a serviço de suas siglas que querem dispor de Petrópolis com povo e tudo pelo próximo quadriênio. Pois já sabemos que a Grande Rasteira permanece viva e esperta no sistema que nos é imposto: não somos chamados a eleger administradores capazes de tornar realidade a vontade popular; somos convocados a votar no suserano de nosso Município pelo próprio quadriênio. Os tapas nas costas, o interesse por nossas opiniões e nossa saúde, durarão o espaço da campanha eleitoral. Passada esta, sumirão os derrotados e o eleito irá gozar de seu feudo detrás das maçanetas.
Assim interpretaram os partidos a Constituição Federal, usando dos Poderes Legislativo e Executivo, por estes compostos ou liderados com exclusividade. Não deveria ser assim, pois o que se pode ler na Constituição Federal é bem diverso; o artigo 5º, XX, assegura que ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado. Mas quem tentou ser candidato sem filiar-se a partido teve o seu registro negado. Não fez sentido para juristas renomados, que ingressaram com ação que está no Supremo Tribunal Federal. No final de 2019, ocorreu uma Audiência Pública em Brasília presidida pelo Ministro Barroso. Foi muito concorrida, os partidos disseram que eram contrários aos avulsos (dava para adivinhar); o povo, mesmo peneirado, era a favor (idem). O Min. Barroso disse que o tema seria pautado quando da volta do recesso; ou brotaram novas prioridades ou a pandemia prolongou o recesso, mas a pauta saiu não. Confesso que estava curioso por ver como se pode ler o Direito Fundamental XX e achar que não se aplica no caso. Continuamos reféns dos partidos políticos, mesmo tendo o Min. Barroso dito a sua revolta por um estatuto preterir 215.000 filiados em favor de 4 donos… Mas votou com o Relator.
Lembremos os planos de Governo maravilhosos empurrados com uma mãozinha do TSE: em 2000, era “tempo de participação”, até com orçamento participativo, lembram?. Em 2004, a participação estava moribunda e a ordem do dia virou “é bom viver aqui”. Bom para o povo ou para os bacanas? Já em 2009, o candidato eleito antecipava que o Município “vai ser feliz”. A Cia. Águas do Imperador o foi. Em 2012, o Município foi rebaixado para “cidade (?) saudável, viva e sustentável”; o Município virou sinônimo de cidade, e a tolice passou batida. Eta! Administradores… Em 2016, íamos ser guiados ao longo do “Novo caminho” que daria dimensão estratégica ao PPA. Foi mais do mesmo, papo furado e sem eco. Não fosse senão pelo crescimento da balbúrdia, dos efetivos e das dívidas. Alguém lembra alguma coisa desses planos exigidos pelo TSE, ávido por legislar? E o Município que se virasse!
O que quer o povo? Nenhum candidato liga, atento por demais aos anseios dos dirigentes partidários. E olhem que o povo elaborou o seu Plano Estratégico pelos próximos 20 anos (só o povo pode fazer isso, e fora dele é inconstitucional). Continuaremos descendo a encosta, o povo servindo os seus senhores da hora, que chegarão e partirão.
Não avaliamos o quanto perverso é o sistema.