Mansão de Hebe Camargo foi negociada por cerca de R$ 30 milhões, diz filho da apresentadora
O apresentador Marcello Camargo, filho de Hebe Camargo (1929-2012), compareceu nesta quarta-feira, 20, à cerimônia de abertura da Casa Hebe, local idealizado pela empresária Lydia Leão Sayeg destinado a guardar e preservar o acervo deixado pela apresentadora, como roupas, sapatos, bolsas e prêmios.
Em conversa com o Estadão, Marcello, que comemorava 58 anos, falou sobre o patrimônio deixado pela mãe, sobretudo da mansão que ela morava, no bairro de Cidade Jardim. A casa com mais de 7 mil metros quadrados serviu de residência para o sobrinho de Hebe, o empresário Claudio Pessutti, depois que a apresentadora morreu. Depois da morte de Pessutti, em 2021, Marcello, Helena e Claudinho, os herdeiros de Pessutti, decidiram colocar o imóvel à venda.
Camargo disse que a venda da casa está praticamente fechada – eles tiveram dificuldade para se desfazer do imóvel, em função de seu tamanho e preço. O valor da negociação feita agora, segundo o apresentador, é de cerca de R$ 30 milhões.
“A casa não é minha. Temos uma composição de porcentuais entre nós”, explica Marcello. Segundo ele, tudo foi acordado entre ele e Pessutti verbalmente. Nada foi assinado. Marcello diz que Hebe não manifestou em vida o desejo de que o filho e o sobrinho dividissem seu patrimônio. “Foi um desejo meu. O Claudio dedicou grande parte da vida dele para ela. Achei justo dividir”, diz.
Segundo o filho de Hebe, a apresentadora foi muito feliz na casa. “Eu sempre disse para minha mãe que a casa era enorme, mas ela dizia que amava lá, que era tudo tão lindo. E ela tinha esse direito. Comprou com o dinheiro do trabalho dela e pôde desfrutar muito da casa”, diz.
Camargo aproveitou para explicar uma polêmica envolvendo outro imóvel em que Hebe morou durante os anos em que se relacionou com o empresário Lélio Ravagnani. Depois da morte de Hebe, imagens dessa casa, que fica no Morumbi, em péssimo estado de conversação, começaram a circular.
O filho de Hebe afirma que esse imóvel, na verdade, pertencia a Ravagnani e que Hebe deixou o local assim que o marido morreu, no ano 2000. “Ela entregou uma chave para a filha e outra para o filho de Lélio. E nunca mais voltou para lá”, conta Marcello, que morou com a mãe e o padrasto na casa.
Segundo o apresentador, Hebe teve dificuldades para se adaptar à casa de Lélio quando se mudou para ela, em 1979. “A casa era o grande sonho de Lélio. Minha mãe, no primeiros dias, chorava. Dizia que sentia falta da casa do Sumaré, onde eu nasci, que ela comprou em 1954, com financiamento da Caixa”, conta o apresentador que é filho do também empresário Décio Capuano, primeiro marido de Hebe, único homem com que a apresentadora foi de fato casada legalmente.
Os carros que pertenceram a Hebe também foram vendidos. Eram cinco Mercedes-Benz. Três delas ficaram com Cláudio Pessutti e duas com Marcello. Com a morte de Pessutti, Helena, a viúva do sobrinho de Hebe, e Marcello decidiram se desfazer dos veículos, que estavam parados e demandavam muita manutenção.
Restou apenas um, na cor branca, que é de Marcello. O carro já foi exibido em uma exposição sobre Hebe que ocorreu no Morumbi Shopping, em São Paulo.
Discordância com o filme estrelado por Andréa Beltrão
Camargo também diz que agora é ele quem dá a palavra final sobre tudo o que possa ser feito com a imagem da mãe. “Claudio fez coisas muito bonitas por ela. Mas, eu, como filho, é que tenho essa obrigação. Só discordei sobre o filme”, diz.
Ele se refere ao longa Hebe – A Estrela do Brasil, de 2019, estrelado por Andréa Beltrão e dirigido por Maurício Farias. “Hebe jamais bebia uísque no camarim, não jogava o microfone no chão e nem fazia seu público esperar”, diz Marcello, sobre as cenas mais polêmicas da produção.
Segundo ele, a roteirista Carolina Kotscho ficou chateada com as críticas. Por outro lado, Marcello elogia o documentário Hebe – Um Brinde À Vida, exibido pelo Globoplay, que também tem Carolina no roteiro e na direção. “Esse é perfeito”, diz.
Marcello também faz ressalvas ao livro Hebe – A Biografia, escrito pelo jornalista Artur Xexéo. “O nome dela está errado lá. Ele colocou ‘Hebe Maria Monteiro de Camargo Ravagnani’. O nome dela era apenas Hebe Camargo”, afirma. O erro é reproduzido na internet, como na página da apresentadora na Wikipedia. “Atualmente, sabemos que não vamos errar com a Hebe. A palavra final agora é minha”, diz.
Segundo o apresentador, o SBT, emissora em que a apresentadora passou boa parte de sua carreira, está produzindo um documentário sobre seus apresentadores que terá Hebe como um das grandes estrelas. Em março desse ano, o SBT de São José dos Campos, onde Marcello apresenta o programa Café Com Selinho, também fez um documentário sobre Hebe.