‘Mansão Mal-Assombrada’ não emociona ou faz rir

05/08/2023 07:10
Por Matheus Mans / Estadão

De vez em quando é difícil não pensar que há uma espécie de maldição à solta naqueles filmes que tentam reciclar sucessos de Eddie Murphy. Não só Dolittle é um dos maiores fracassos da carreira de Robert Downey Jr., como as tentativas de Murphy em retornar aos grandes sucessos também não foram muito bem, como Um Príncipe em Nova York 2. Agora, a maldição continua com Mansão Mal-Assombrada, em cartaz.

O longa-metragem é um remake do filme estrelado por Murphy nos anos 2000 e uma nova tentativa de emplacar um sucesso nos cinemas inspirado em uma atração dos parques da Disney. Afinal, assim como Piratas do Caribe, Mansão Mal-Assombrada tem sua história totalmente inspirada na atração do parque, uma das mais disputadas no Magic Kingdom.

Nesta nova aposta da Disney, dirigida por Justin Simien (Cara Gente Branca), o tom da história muda bastante. Sai a comédia histriônica de Murphy, que fez sucesso entre as crianças no longa de 2003, e entra uma sopa de gêneros com cara de superprodução. Há traços de comédia, terror, aventura e até thriller – tudo isso engrandecido com um orçamento de mais de US$ 150 milhões.

A história continua com o mesmo pano de fundo: uma mansão mal-assombrada habitada por 999 fantasmas que esperam enquanto um deles, Gracey, tenta recuperar o amor de sua vida. No entanto, os personagens são outros. O protagonista é Ben (LaKeith Stanfield), que se diz especialista em paranormalidade e é chamado para ajudar a família, que acabou de se mudar para a mansão, a afastar os fantasmas.

ESTRELAS

Ainda há um elenco de apoio de peso: Jamie Lee Curtis como Madame Leota, a vidente presa na bola de cristal; Jared Leto como o fantasma mais perigoso da casa; Owen Wilson como Kent, um estranho padre que convoca Ben; e Danny DeVito como Bruce, um professor universitário que estuda as mansões mal-assombradas de New Orleans.

Quem olha de longe pode até achar que o filme ficou mais interessante, com mais arrojo visual e narrativo. No entanto, fica longe disso por uma série de problemas. Para começar, Simien não tem a mínima ideia de como contar uma história infantil: exagera no horror e a comédia, que funcionou em 2003, some nesta versão.

Muito disso acontece por uma atuação exageradamente apática do improvável protagonista, LaKeith Stanfield. Ainda que o roteiro invista em piadas para o personagem, o ator não consegue acompanhar: ele está apático em cena e parece que tem vergonha de fazer humor. É aquilo: atores de comédia conseguem emocionar, mas nem todos os atores de drama realmente conseguem fazer rir.

Além disso, há o terror: Simien sabe como lidar com elementos do horror. Mas aqui fica a dúvida: será que não é demais para as crianças, o principal público dessa história?

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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