Marina Silva foi ‘adestrada’, diz presidente da Comissão de Agricultura da Câmara
O presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados, Evair de Melo (PP-ES), criticou a titular da pasta do Meio Ambiente, Marina Silva, e bateu boca com a ministra nesta quarta-feira, 16. O deputado, aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), sugeriu que a ministra havia sido “adestrada” para comparecer à reunião na Câmara, ao que Marina o contestou.
“Quero repudiar a forma de vitimização que, mais uma vez, essa ministra se comporta aqui na casa do povo. A retórica é conhecida e já a enfrentei muitas vezes no plenário. O media training da ministra, tem que dar parabéns a quem a treinou. Até esse adestramento para ter essa postura”, disse Evair, sendo interrompido logo em seguida por Marina.
“Quem é que é adestrado? Tenha santa paciência. O senhor não vai me dizer que sou uma pessoa adestrada”, respondeu a ministra.
O deputado continuou: “Nenhum questionamento objetivo dos parlamentares foi respondido. A ministra claramente traz uma retórica de militância. Quero lamentar que, com essa condução, vamos virar fumaça e cinza. Não vou retirar nenhuma palavra dita, muito menos as verdades, mentiras e suposições com que a ministra se referiu ao agro brasileiro. Fico impressionado.”
Evair de Melo, então, provocou a ministra a citar declarações antigas de Marina em relação ao presidente Lula. “Façam uma pesquisa simples: Marina Silva, Lula, corrupto. Sim, em muitas ocasiões Marina Silva classificou Luiz Inácio Lula da Silva como corrupto. Em 2018, ela destacou que Lula havia sido condenado em 2ª instância e tinha que pagar pelos crimes que cometeu”, afirmou. Logo em seguida a reunião foi encerrada.
Mais cedo, a ministra discutiu com deputados da oposição. O próprio presidente da comissão bateu boca com a ministra em alguns momentos anteriores. Deputados acusaram Marina de não responder aos questionamentos.
Em vários momentos, deputados dirigiram-se à ministra com tom de voz elevado, com dedo em riste, troca de acusações e ânimos alterados. A ministra disse que comparece à comissão quantas vezes for necessário e que não teme e citou vários trechos bíblicos.
Em discussão acalorada com a deputada federal Júlia Zanatta (PL-SC), que disse que a ministra deveria deixar o cargo, Marina chamou-a indiretamente de ambientalista por conveniência. “Capacho é quem faz discurso de encomenda. Mesmo conhecendo a biografia de uma pessoa, faz discurso de encomenda, para fazer lacração. E vem aqui fazer acusações inverídicas. Isso é ser capacho”, disse a ministra, sendo aplaudida pela plateia.
“Quem nunca fez nada pelo meio ambiente e agora vem aqui com papel de ambientalista de conveniência”, afirmou a ministra, mencionando defesa da política ambiental por sinceridade ou por hipocrisia.
Marina questionou a condução da reunião pelo presidente da comissão e citou que, na condição de convidada, estava sendo alvo de palavras ofensivas e de baixo calão. “Vossa Excelência está com dificuldade de presidir”, disse a ministra. Evair rebateu que não iria responder porque aprendeu a lidar com ignorância na vida política, e Marina retrucou : “Deveria aprender a suportar a própria ignorância”.