Mário de Andrade: obra e valor

15/02/2019 10:20

Um dos principais nomes do Modernismo, Mário de Andrade (nascido em 1893) faleceu em 25 de fevereiro de 1945. É justo portanto que o lembremos neste mês. Tendo sido um dos chefes do Movimento Modernista, que realizou em São Paulo a Semana de Arte Moderna (1922), multiplicou sua obra por vários gêneros: poesia, ficção, crítica (literária, artes plásticas, música, folclore), crônica, etc. Certamente sua imensa correspondência é a maior de todos os escritores brasileiros. Na obra poética tem como títulos essenciais Paulicéia desvairada (1922), Losango cáqui (1926), Clã do jaboti (1927) e, sobretudo, Remate de Males (1930) e Lira Paulistana  (póstumo, 1946). Na ficção, distinguem-se o romance (Amar verbo intransitivo, 1927), a rapsódia Macunaíma: o  herói sem nenhum caráter (1928), que é sua obra mais famosa, e dois livros de contos: Belazarte (1934) e Contos novos (póstumo, 1956). No ensaio e na crítica literária ressaltam-se Aspectos da literatura brasileira (1943) e O empalhador de passarinho (s.d.). Sobre demais trabalhos seus, notem-se Modinhas imperiais (1930), Namoros com a medicina (1939), Danças dramáticas do Brasil (3 vols., 1941), Pequena história da música (1942), O baile das quatro artes (1943), Os filhos da Candinha (crônicas, 1943), Padre Jesuíno do Monte Carmelo (biografia,1945), etc. Criador de uma linguagem bastante pessoal, brasileira, foi o principal doutrinador do Modernismo (A escrava que não é Isaura, 1925) em que expôs a superioridade do subconsciente na literatura. Mas também soube salientar seu desencanto pelo próprio modernismo na conferência O Movimento Modernista (1942). Dos seus livros postumamente editados, convém citar, além dos já referidos, O turista aprendiz (1976), diário de viagem, Música de feitiçaria no Brasil (s.d.), Os cocos (folclore musical, 1984) e Café (romance inacabado, 2015).

Dessa obra tão vasta e multiforme, é claro que corresponderia uma crítica igualmente enorme, destacando-se, além dos estudos em história literária, os ensaios Roteiro de Macunaíma (1955), de M. Cavalcanti Proença, Morfologia do Macunaíma (1973), de Haroldo de Campos,  Mário de Andrade: exílio no Rio (1989), de Moacir Werneck de Castro, A "gramatiquinha" de Mário de Andrade (1990), de Edith Pimentel Pinto, Tumulto de amor e outros tumultos – criação e arte em Mário de Andrade (2001), de Ruy Espinheira Filho e A estética aberta de Mário de Andrade (2002), de Leda Miranda Hühne. Mário teve diversos poemas e contos traduzidos, além do romance Amar, verbo intransitivo: Fräulein, nos Estados Unidos (1933); mas principalmente sua obra máxima em prosa, Macunaíma, o herói sem nenhum caráter, teve versões integrais para o italiano, francês, inglês (Estados Unidos e Inglaterra), húngaro, e outros idiomas. Essa obra monumental merece e deve ser lida por todos e não apenas por estudantes de letras.

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