Mário de Andrade: obra e valor

28/02/2020 16:43

Um dos principais nomes do Modernismo, Mario de Andrade (nascido em 1893) faleceu em 25 de fevereiro de 1945. É justo, portanto, que o lembremos agora nos 75 anos de sua morte. Tendo sido um dos chefes do movimento modernista, que realizou em São Paulo a Semana de Arte Moderna (1922), multiplicou sua obra por vários gêneros: poesia, ficção, crítica (literária, artes plásticas, música, folclore), crônica, etc. Certamente a sua imensa correspondência é a maior de todos os escritores brasileiros. Na obra poética tem como títulos essenciais Pauliceia desvairada (1922), Losango cáqui (1926), Clã do jaboti (1927) e, sobretudo, Remate de Males (1930) e Lira paulistana (póstumo, 1946). Na ficção distinguem-se o romance Amar, verbo intransitivo (1927), a rapsódia Macunaíma: o herói sem nenhum caráter (1928), que é sua obra mais conhecida, e dois volumes de contos: Belazarte (1934) e Contos novos (póstumo, 1956). No ensaio e na crítica literária ressaltamse Aspectos da literatura brasileira (1943) e O empalhador de passarinho (s.d). Sobre os demais trabalhos seus, notem-se Modinhas imperiais (1930), Namoros com a medicina (1939), Danças dramáticas do Brasil (3vols, 1941), Pequena história da música (1942), O baile das quatro artes (1943), Os filhos da Candinha (crônicas, 1943), Padre Jesuíno do Monte Carmelo (biografia, 1945), etc. Criador de uma linguagem bastante pessoal, brasileira, foi o principal doutrinador do Modernismo (A escrava que não é Isaura, 1925), expondo a superioridade do subconsciente na literatura. Mas também soube salientar seu desencanto pelo próprio Modernismo na conferência O Movimento Modernista (1942). Dos livros postumamente editados, convém citar, além dos já referidos, O turista aprendiz (1976), diário de viagem, Música de feitiçaria no Brasil (s.d.), Os cocos (folclore musical, 1984), Café (romance inacabado, 2015), além de vários volumes de correspondência para diversos escritores. 

Dessa obra tão vasta e multiforme, é claro que corresponderia uma apreciação crítica igualmente enorme, destacando-se, além dos estudos em história literária, os ensaios Roteiro de Macunaíma (1955), de M. Cavalcanti Proença, Morfologia do Macunaíma (1973), de Haroldo de Campos, Mário de Andrade: exílio no Rio (1989), de Moacir Werneck de Castro, A gramatiquinha de Mário de Andrade (1990), de Edith Pimentel Pinto, Tumulto de amor e outros tumultos – criação e arte em Mário de Andrade (2001), de Ruy Espinheira Filho, e A estética aberta de Mário de Andrade (2002), de Leda Miranda Hühne. Mário teve diversos poemas e contos traduzidos, além do romance Amar, verbo intransitivo com título de Fräulein, nos Estados Unidos (1933); mas principalmente sua obra máxima em prosa, Macunaíma, o herói se nenhum caráter, teve versões integrais para o italiano, francês, inglês (Estados Unidos e Inglaterra), húngaro e outros idiomas. Essa obra monumental merece e deve ser lida por todos.

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