Massa diz que idade pode comprometer rendimento de Hamilton na Ferrari

13/dez 23:00
Por Felipe Rosa Mendes / Estadão

Pela segunda vez nos últimos três anos, Lewis Hamilton terminou o Mundial de Pilotos da Fórmula 1 atrás do seu companheiro de Mercedes, George Russell. O heptacampeão mundial esteve longe de brilhar ao longo de 2024. E, às vésperas de iniciar sua trajetória de piloto da Ferrari, o inglês gera dúvidas quanto ao que vai apresentar em sua nova equipe a partir de 2025. Para Felipe Massa, um fator pode ser decisivo para as performances de Hamilton na próxima temporada: a idade.

“Se você me perguntasse se eu contrataria o Hamilton, sendo eu o chefe da Ferrari, como piloto, sim, eu contrataria, sem dúvida. Pelo talento que tem… É um dos pilotos mais incríveis da F-1. Mas, pela idade, talvez não”, afirmou o brasileiro em entrevista ao Estadão. “Pela idade, se olhar no esporte, a idade pesa. E temos que entender o quanto a idade está pesando para ele nesta situação, ou não.”

Hamilton vai completar 40 anos daqui a menos de um mês, no dia 7 de janeiro. Entusiasta da dieta vegana, o inglês sempre se destacou pela boa preparação física. “Falo pensando em mim, hoje em dia eu preciso treinar fisicamente muito mais do que eu treinava antes. É muito mais difícil se recompor fisicamente após uma corrida difícil ou um treino intenso. A idade pesa em algumas áreas, isso é normal”, diz Massa, de 43 anos. “A idade é algo que pesou negativamente para vários pilotos, como aconteceu para o Schumacher.”

No grid de 2025, Hamilton será o segundo quarentão entre os pilotos. Fernando Alonso tem 43 anos. E, na reta final da temporada 2024, apresentou seguidos problemas de saúde, não necessariamente ligados à idade. “O Alonso fez um ótimo trabalho já com idade elevada. mas vem de um período mais difícil. O Hamilton terá uma concorrência muito diferente do que o Alonso tem com o Lance Stroll na Aston Martin.”

Neste contexto, Massa acredita que a pressão será maior sobre Hamilton por ter como companheiro o talentoso monegasco Charles Leclerc. E também por causa dos holofotes que a Ferrari costuma atrair. “Se o Hamilton tiver um ano bom, se mostrar tudo que sempre mostrou, logicamente vai ser sensacional. Se ele estiver numa situação mais difícil, em comparação ao Leclerc, ficará complicado para ele, no sentido da pressão e da imprensa em cima dele.”

De forma geral, o brasileiro, com sua longa história pela Ferrari, avalia que as duas partes tomaram a decisão certa. “Acredito que a ideia de trocar a Mercedes pela Ferrari foi muito positiva porque a Mercedes não é mais a equipe a ser batida. Achei interessante e inteligente e, como marketing, nem se fala. É a equipe mais famosa do mundo, é uma religião. E 100% forte no marketing. Todos fizeram um barulho muito grande nesta situação, mostrando como a Ferrari é uma grande equipe e o Hamilton, um grande piloto.”

PROCESSO NA JUSTIÇA

Rival de Massa nas pistas, Hamilton foi o campeão da controversa temporada 2008 da F-1. Dezesseis anos depois, o brasileiro acionou a Justiça inglesa para tentar reverter o resultado daquele campeonato. Não por culpa de Hamilton, claro. A longa história teve o GP de Cingapura como clímax, quando o brasileiro Nelsinho Piquet bateu de propósito para beneficiar Alonso, seu então companheiro de equipe na Renault.

A batida prejudicou diretamente Massa, então líder do campeonato, perdido depois por apenas um ponto de diferença. Apenas um ano depois, os responsáveis pelo acidente forçado foram punidos. Mas, mais recentemente, os então dirigentes da F-1 admitiam que ficaram sabendo da armação pouco depois daquele famigerado GP. Na prática, deveriam ter descartado o GP da pontuação do campeonato, o que não aconteceu.

Para corrigir essa falha, Massa formou um time de advogados para acionar a Justiça tanto contra a F-1 quanto contra a Federação Internacional de Automobilismo (FIA). O processo foi iniciado no primeiro semestre. “Estamos super motivados para provar que o que aconteceu que não foi justo, que não faz parte do esporte. Temos uma equipe grande de advogados, não só do Brasil, mas também fora. E agora a gente depende do juiz. É algo que pode acontecer entre metade e o final do ano que vem.”

A questão política enfrentada por Massa desde então foi lembrada pelo piloto ao acompanhar a série Senna, da Netflix. “Assisti e curti muito. Foi muito bem feita no sentido de mostrar os carros na pista. Os atores trabalharam muito bem também”, elogiou. “E, para mim, também foi muito importante porque mostra tudo aquilo que eu passei, né? Os problemas políticos e as situações, né?”, afirmou, em referência aos duelos extrapista que Senna enfrentou nas décadas de 80 e 90.

“Lembra o caso que eu venho lutando, como o Senna passou também. E mostra que tem muito jogo político no automobilismo, na F-1 principalmente. E espero que isso tenha mudado daquele tempo para hoje, vamos ver como vai acabar o meu caso, para tirar essas manipulações políticas, esses acordos políticos que aconteciam muito e que eram muito ruins para o esporte.”

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