Mausoléu vandalizado é de Raul de Leoni, e cemitério municipal tem mais de 50 jazigos depredados

27/05/2021 20:34
Por Luana Motta

O mausoléu vandalizado e que teve estátua de bronze furtada no Cemitério Municipal é do poeta petropolitano Raul de Leoni. O objeto foi furtado na madrugada da última terça-feira (25). Mas esse furto não é um caso isolado. A Tribuna esteve no Cemitério Municipal nesta quinta-feira (27) e contabilizou pelo menos 54 jazigos vandalizados em um trecho de menos de 50 metros.

Mas esse número é muito maior: por todas as quadras há túmulos sem placas, molduras de fotos, brasões, estátuas de santos e cruzes. Tudo que tenha o mínimo de valor para a venda é arrancado das sepulturas nas madrugadas.

Somente na entrada do cemitério, no trecho principal até a capela, todos os jazigos que tinham alguma peça de valor foram arrancados. O cenário é de desrespeito e consternação.

O abandono do principal Cemitério da cidade passa pela deficiência na manutenção por parte da administração, feita pela Secretaria de Serviços, Segurança e Ordem Pública (SSOP), e a invasão de vândalos, que, sem qualquer preocupação com a vigilância ou fiscalização, continuam a praticar furtos no seu interior.

“A Raul de Leoni
Semeador de harmonia e de belleza
Com a grande saudade dos seus amigos
30-10-1895 – 21-11-1926” (Foto: Luana Motta)

O túmulo do poeta Raul de Leoni fica próximo ao Cruzeiro das Almas, um espaço que é muito visitado pela sua religiosidade para algumas crenças. A estátua foi colocada no túmulo muito anos depois de sua construção. Visitantes contam que ela foi colocada no local como um agradecimento por um milagre recebido no Cruzeiro. No mausoléu Raul de Leoni só restou sua foto, já prejudicada pelo tempo, e uma frase já quase apagada pela falta de letras.

Jazigos tiveram identificação arrancada. No jazigo ao fundo só ficou a sombra do brasão militar. (Foto: Luana Motta)

Em alguns pontos, entre as campas, haviam latas de cerveja vazias. Um dos jazigos que possuía um brasão da Aeronáutica também foi levado. A Tribuna perguntou a um dos funcionários que passava pelo local no momento o que tinha acontecido. Ele confirmou que deram falta do objeto nesta semana e disse em tom de brincadeira: “melhor fotografar essa imagem ai do lado, porque, com certeza, vão voltar para buscar”. O tom foi de brincadeira, mas os furtos são tão frequentes que os funcionários se mostram surpresos quando uma peça que parece de valor ainda está no túmulo.

Lei aprovou concessão dos Cemitérios, mas não há previsão para licitação

Em 2018, a Prefeitura abriu um processo licitatório para a concessão da administração dos Cemitérios no município. Na época, a medida vinha da necessidade de fazer obras de melhorias no espaço, já que a Prefeitura não tinha fôlego orçamentário. No ano seguinte, a Prefeitura anulou o edital, após o Tribunal de Contas do Estado (TCE) apontar inconsistências.

O governo municipal aprovou a lei que prevê concessão do espaço do cemitério. Mas ainda não esclareceu quais serão os serviços previstos nessa concessão. A Tribuna solicitou detalhes sobre os serviços e qual era a previsão de publicação do edital, mas não houve resposta.

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