Melanie Lynskey: ‘Fazer alguém complexo e sexy é uma loucura’

02/04/2023 08:00
Por Estadão

Melanie Lynskey era adolescente quando fez sua estreia no cinema em Almas Gêmeas (1994), o filme de Peter Jackson sobre duas jovens e seu relacionamento intenso. Apesar dos elogios, a neozelandesa não alcançou o mesmo sucesso que sua companheira de elenco, Kate Winslet, que seria indicada para o seu primeiro Oscar logo depois, por Razão e Sensibilidade (1995), de Ang Lee, e viraria estrela com Titanic (1997), de James Cameron, pelo qual concorreu sua segunda estatueta.

Mas, depois de uma sólida, embora discreta, carreira fazendo papéis coadjuvantes, inclusive em séries populares como Two and a Half Men, Lynskey finalmente está tendo o destaque que merece. A razão é Yellowjackets, a série sobre um time de futebol feminino que fica perdido em uma floresta por 19 meses depois da queda do avião em que viajavam. As agora mulheres de 40 e poucos anos precisam lidar – ou não – com os traumas daquele período em que viram a morte e recorreram ao canibalismo. A série, que estreou no dia 24 a sua 2.ª temporada, é exibida em episódios semanais às sextas, no Paramount+.

Yellowjackets foi um sucesso surpreendente no ano passado com seu elenco quase inteiramente feminino que inclui estrelas dos anos 1990, como Juliette Lewis e Christina Ricci, e jovens atrizes fazendo suas versões no passado. A segunda temporada, ainda mais rock’n’roll, mergulha nos mistérios daquela floresta. O elenco tem novas adições: Lauren Ambrose faz Van no presente, Simone Kessell é Lottie, e Elijah Wood interpreta Walter, um detetive curioso.

A personagem de Lynskey, Shauna, uma dona de casa aparentemente pacata, tenta esconder o assassinato de seu amante, que ela desconfiava estar por trás de uma chantagem. É esse seu jeito de quem não oferece perigo, mas que na verdade pode esconder um poço de vingança dentro de si, que a fez também ser escalada para The Last of Us. Em entrevista, a atriz falou sobre Yellowjackets:

Sobre a nova temporada de Yellowjackets

Na segunda temporada, você conhece um pouco melhor as personagens. Ao mesmo tempo, nós atrizes tínhamos uma compreensão mais profunda de quem elas são como pessoas, e os roteiristas puderam mergulhar mais na sua humanidade.

Sobre The Last of Us e Pedro Pascal

Gostaria de ter realmente trabalhado com Pedro, porque simplesmente o amo. Eu sou uma grande fã dele como ator, e ele é simplesmente a pessoa mais calorosa… Eu o descrevi para alguém outro dia como sendo um adorável banho de espuma quente. Ele apenas faz você se sentir tão bem, tão bem-vinda e amada. E Pedro é engraçado e ótimo. Mas realmente quase não tive contato com ele. Na cena que fizemos, ele está em uma torre tentando me matar. E foi isso. Mas foi uma experiência maravilhosa trabalhar na série. Acho que The Last of Us e Yellowjackets são similares pelo fato de serem sobre pessoas comuns levadas a um ponto de desespero, tentando descobrir como sobreviver em um mundo no qual elas nunca acharam que iam viver.

Sobre a possibilidade de fazer mulheres traumatizadas e complexas

Eu me sinto muito feliz. Atuo há 30 anos e pensei que havia uma data de validade. Achei que chegaria um momento em que minha carreira terminaria. Até porque, honestamente, eu não sou uma mocinha inocente ou a atriz tipicamente bonita, então não achei que interpretaria papéis principais. Então fazer uma personagem tão complexa e interessante, sexy, enfrentando coisas terríveis, com tanta emoção e humor, com tanto para interpretar, é uma loucura.

Sobre quanto sabe do passado de Shauna

Adoraria saber de tudo. Eu gostaria que houvesse um livro. É uma coisa interessante assistir à série e ver o passado ser encenado por essas atrizes incríveis em outra linha do tempo. Gostaria de ter isso pelo resto das temporadas e poder apenas assistir, porque ainda não sabemos muito sobre o que aconteceu no passado. E em parte tudo bem, porque, se você está interpretando alguém que não necessariamente processou tudo, não há problema em ir navegando e obtendo as informações aos poucos, porque é como as memórias ressurgem. Mas por curiosidade própria queria saber mais. Tento não incomodar os escritores, mas também queria saber.

Sobre por que as histórias envolvendo mulheres e canibalismo fazem sucesso

É tabu, é transgressivo. As pessoas estão interessadas em ver as mulheres ultrapassando os limites de uma forma que não conseguimos tradicionalmente na cultura e na mídia.

Sobre perceber que Yellowjackets era especial

Na primeira temporada, percebi que os roteiros estavam cada vez melhores. Sou assim: “Ai, Deus, tenho de ler um roteiro”. No caso de Yellowjackets, me sentava e lia, o que me pareceu ser um bom sinal. Mas só quando as pessoas começaram a comentar que vi que o sentimento era geral.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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