Membro do Fed diz que elevou ‘modestamente’ projeção para taxa neutra de juros, de 2,0% a 2,5%

07/maio 11:35
Por Maria Lígia Barros / Estadão

O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de Minneapolis, Neel Kashkari, disse que elevou “modestamente” sua perspectiva sobre a taxa neutra de juros nos EUA, de 2,0% a 2,5%, no gráfico de pontos que os dirigentes divulgam a cada duas reuniões de política monetária. Kashkari argumentou que a possibilidade de o mercado estar precificando incorretamente o nível dos juros neutros explicaria o porquê de a atividade econômica americana continuar resiliente diante do ciclo de aperto monetário.

“É claro que os meus colegas e eu estamos muito satisfeitos com o fato de o mercado de trabalho ter se mostrado resiliente, mas, com a inflação no trimestre mais recente andando de lado, levantam-se questões sobre o quão restritiva realmente está a política”, escreveu Kashkari em uma publicação no blog do Fed de Minneapolis nesta terça.

O dirigente apontou que o progresso na desinflação visto no segundo semestre de 2023 parece ter estancado no primeiro trimestre de 2024.

“A questão que enfrentamos agora é se o processo desinflacionário ainda está em curso, e apenas levando mais tempo que o esperado, ou se a inflação está estacionando em cerca de 3%, sugerindo que o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) tem mais trabalho a fazer”, disse ele, acrescentando que o mercado de trabalho também permanece forte, com a taxa de desemprego em 3,9%.

Kashkari observou que a posição da curva de juros atual, que está invertida, sugere que os mercados percebem o nível da política monetária como restritiva em relação ao patamar neutro. Porém, a resiliência do mercado imobiliário – um dos setores mais sensíveis às mudanças de juros – frente à curva invertida chama a sua atenção. “Talvez a taxa neutra para o mercado de trabalho esteja mais alta do que antes da pandemia”, levantou.

Os dados da economia real dão sinais mistos, disse Kashkari: alta na inadimplência sugere que consumidores estão estressados com os juros altos, ao passo que a atividade econômica, os gastos com consumo e o mercado de trabalho se provaram resilientes.

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