Mente sã, corpo são: práticas para uma vida mais leve e feliz

Por Aghata Paredes

“Mens sana in corpore sano”, citação latina, quer dizer “mente sã, corpo são.” Atualmente, os desafios de manter em dia a saúde, não apenas física, mas mental e espiritual, e levar uma vida mais leve e feliz, são inúmeros. Por outro lado, essa jornada pode ser mais facilmente realizada através de algumas práticas. Dentre elas, a Yoga e a meditação.

“Não existe saúde parcial. Para uma pessoa estar bem, física, emocional e mentalmente, ela precisa que todas essas esferas estejam em harmonia. Essa caminhada é pessoal e existem inúmeras formas de alcançar e manter esse lugar. Nossa missão é apresentar algumas dessas possibilidades e auxiliar as pessoas na caminhada rumo ao desabrochar do seu estado natural de felicidade.”, comenta Victor Damazio, professor de Yoga e acupunturista. 

Foto: Maria Hennies

“A pandemia modificou todas as relações humanas, ampliou de forma inimaginável o contato global via tecnologias, mas ao mesmo tempo evidenciou algo que vinha sendo gradativamente esquecido pela humanidade, que é a riqueza que existe no contato pessoal, que não pode ser substituído.” 

Victor Damazio

Em Petrópolis, cada pessoa que chega ao Espaço Shiva tem a oportunidade de vivenciar sua própria jornada rumo ao autoconhecimento e desenvolvimento espiritual. “Nós o consideramos um templo, aberto a qualquer atividade que tenha como objetivo o aprimoramento do ser humano e o desenvolvimento espiritual. É importante que as pessoas saibam que não somos um espaço comercial, mas colaborativo. Aqui todos os profissionais atuam de forma livre e independente. Além disso, todas as nossas atividades ocorrem através de doações, então ninguém deixa de fazer uma prática de yoga, por exemplo, por falta de recursos financeiros.”, comenta Mauro Gonzales, responsável pelo espaço. 

No local, na Rua 13 de Maio, as pessoas podem realizar práticas regulares de Yoga, meditação Zazen, danças circulares, além de estudos de Budismo e encontros da Self Realization Fellowship, de segunda a sexta. O Espaço Shiva também é aberto a workshops, encontros e estudos pontuais de temas relacionados às práticas oferecidas.

Foto: Maria Hennies

Sobre a Yoga, Victor conta que existem alguns equívocos relacionados à prática: “Algumas pessoas pensam que é uma atividade física, como a de uma academia, ou que é “ficar sentado de olho fechado”. Outros pensam que é uma religião ou, até mesmo, uma aula de contorcionismo. A Yoga é muito maior do que isso, é uma filosofia de vida, uma forma de olhar para o mundo, para si mesmo e para o processo da Vida. Para desenvolver essa postura, uma série de práticas são recomendadas, no preparo do corpo, da mente e da alma. É um processo, uma caminhada, que de forma gradativa vai conduzindo o praticante a um estado de maior bem-estar, aceitação e gratidão.”

Além da Yoga, o espaço é amplamente conhecido por suas práticas meditativas. Ricardo Braun, praticante da meditação Zazen há 25 anos, conta que a prática meditativa surgiu na Índia, a partir de Sidarta Gautama, Buda, e que foi difundida para outros países depois. “Za” significa sentar-se; “zen” refere-se a um estado de meditação profunda e sutil. Sobre isso, Ricardo comenta: “Foi ele quem desenvolveu a prática de sentar em silêncio, debaixo da árvore. A meditação é justamente isso, a prática de sentar-se em silêncio, livrando a mente de pensamentos. Para isso, não é necessário recitar nenhum mantra, apenas manter o foco na respiração.”

Questionado sobre as dificuldades de meditar, Ricardo aponta que a principal delas é sair de casa para realizar a prática, que costuma ser às 06h. “Depois que você já está ali não é tão difícil.”, comenta.

O praticante dá algumas dicas para quem deseja iniciar na meditação: “Uma coisa é você ler alguns livros sobre meditação e ficar com aquilo em mente, mas é tudo teoria. É importante que você tenha a sua própria experiência; isso é crucial, não é a experiência do livro ou do mestre que falou a, b ou c, é a sua – de ver, sentir e experimentar a prática.” 

Foto: Maria Hennies

Lucas Machado, praticante de meditação e facilitador no Centro de Estudos Budistas Bodisatva, conta que o termo meditação, na Ásia, significa algo semelhante à palavra familiarização. “Meditar significa, então, familiar-se com o nosso íntimo, com o nosso corpo, a nossa própria consciência e as nossas próprias ações, de maneira mais profunda. Ao meditar, cada um de nós tem a chance de examinar a própria consciência como um espelho. Dessa forma, a meditação espelha a nossa realidade, aquilo que a nossa consciência produz.” 

Segundo Lucas, examinando a própria consciência, as pessoas têm uma visão mais clara da vida, até mesmo em relação à própria saúde: “Quando estamos saudáveis, a meditação flui mais facilmente. Quando apresentamos algum problema relacionado à saúde, por outro lado, a meditação nos aponta isso. Qualquer tipo de tensão, seja física ou mental, surge quando meditamos. A partir daí nós temos a chance de refletir sobre o que podemos fazer para superar esse obstáculo.”

Questionado sobre quais dicas são importantes para quem deseja iniciar na prática meditativa, Lucas conta que é importante ter disciplina e reservar um tempo para isso. “Se você pode meditar uma ou duas vezes por semana, que seja. Durante esses dias é bom que você estabeleça horários específicos para cultivar a meditação como um hábito. Outra dica para quem deseja começar a meditar é que a prática não precisa ser muito longa. É possível começar com intervalos de 5, 10 ou 15 minutos, por exemplo. Isso ajuda muito.” A técnica mais simples, segundo ele, é estabilizar o corpo numa posição confortável, estabelecendo o foco no fluxo da respiração, inspirando e expirando. “Se a mente divagar basta voltar a sua atenção para o mesmo foco de antes, a respiração.”, finaliza.

A Self-Realization Fellowship é, ainda, outra possibilidade de prática para uma vida mais leve e feliz. Em Petrópolis, o grupo é composto por membros e simpatizantes da SRF, uma organização mundial, fundada por Paramahansa Yogananda, em 1920, com o objetivo de disseminar a antiga ciência da Kriya Yoga. Segundo André Gonzales, a prática procura, dentre outras coisas, promover uma expressão mais plena do amor que une todas as pessoas no mundo. 

Você já ouviu falar no termo ‘danças circulares sagradas’? Mariana Terra, focalizadora, conta que o movimento nasceu na Escócia, em Findhorn, numa ecovila que é modelo de sustentabilidade, de relação com a natureza e com o outro. Segundo ela, com o tempo, o movimento que começou em terras escocesas acabou se espalhando por todo o planeta. “No Brasil não é diferente, aqui nós temos uma terra fértil desse movimento. Essas danças trazem a tradição dos povos e toda a essência de evolução do ser humano, porque cada povo se expressa à sua maneira em suas danças.”

Foto: Maria Hennies

Desde o passado, os povos se reuniam em círculos para dançar e celebrar – principalmente ao redor de fogueiras. As danças já faziam parte da vida das pessoas, elas eram usadas para celebrar casamentos, épocas de colheita e outros episódios marcantes. Hoje, o interessante de observar é justamente isso. Nessas danças todos dão as mãos e formam um círculo. Essa prática coloca todos num mesmo nível, ou seja, não existe hierarquia. Só existe igualdade e cooperação.”

Mariana Terra

Segundo Mariana, as danças circulares sagradas promovem diversos benefícios à saúde física, mental e espiritual. “A prática possibilita uma conexão entre você, os seus semelhantes na roda, a  Mãe Terra e o Céu. A nível físico, a dança integra, socializa e trabalha, por exemplo, a lateralidade, o equilíbrio, além de outros aspectos que influenciam na integração do corpo, da mente e do espírito. Essa integração emana muitas energias boas para quem está dentro e fora da roda, proporcionando alegria, paz e satisfação. Costumo dizer que ela é uma espécie de meditação em movimento.”, comenta. 

O Espaço Shiva funciona todos os dias, inclusive nos finais de semana, com práticas regulares de Yoga, além de grupos de meditação e estudos espirituais. 

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