Mesquita na Estrada da Saudade entra em roteiro turístico da cidade
Conhecida como uma região histórica que nos remete ao período do Império, Petrópolis tem registrado um aumento significativo de turistas nos últimos anos. No entanto, uma novidade que foi acrescentada no farto cardápio de atrações locais é a mesquita Baitul Awal, localizada na Estrada da Saudade e desde novembro do ano passado ingressou no Circuito Religioso do município. Além dos curiosos, o espaço religioso serve também para divulgar o Islã, religião que, apesar de ser minoritária no país, cresce no mundo inteiro.
Construída há três anos, a mesquita está localizada em um bairro populoso próximo ao Centro Histórico e pertence à Associação Ahmadia Islã do Brasil, uma denominação religiosa que nasceu no Paquistão e que está integrada ao município desde o final da década de 80. Quando alguém chega ao local, é recebido com um sorriso no rosto pelos simpáticos muçulmanos que falam bem o português e que fazem questão de tornar o ambiente mais agradável possível. A liderança da Ahmadia no Brasil está com Wasim Ahmad Zafar, que está em Petrópolis desde 1994 e é responsável pela consolidação do islã pacífico no município.
Como filosofia da religião, a Ahmadia promove anualmente um evento chamado Jalsa Salana – que na língua urdu quer dizer Reunião Anual -, na qual lideranças religiosas de outras crenças se reúnem num domingo para discutir a paz e a amizade entre os povos. Neste encontro, Wasim faz questão de que todos divulguem seu pensamento em relação a tudo que acontece no mundo e formas de encontrar soluções para conflitos. A Jalsa Salana, inclusive é realizada em diferentes partes do mundo onde existem os ahmades. Neste ano, vai acontecer nos dias 18 e 19 de junho, na mesquita petropolitana.
Como uma forma de desmistificar o preconceito de que o Islã é uma religião violenta, a Ahmadia faz questão de ressaltar os valores da paz e da amizade, tanto é que seu lema desde a sua criação é “Amor para Todos, Ódio para Ninguém”. Aqueles seguidores sabem o real valor de defender o fim das guerras, afinal de contas, os seguidores que moram no Paquistão são vítimas frequentes dos ataques terroristas de outras denominações islâmicas, razão pela qual tomaram a difícil decisão de transferir a sua sede principal para Londres, na Inglaterra. Aqui no Brasil, encontraram a tranquilidade que tanto precisam, tanto é que na Cidade Imperial sua filosofia virou não apenas atração turística, mas também educacional.
Desde o ano passado, dezenas de estudantes dos mais variados colégios já visitaram a sede da Ahmadia e conheceram a mesquita. Lá, existe um dos maiores acervos do Sagrado Alcorão (o equivalente à bíblia para os cristãos e Torah, para os judeus), com livros escritos em 61 idiomas. Segundo Wasim Ahmad, a curiosidade da garotada no tema é enorme e todos garantem sair de lá encantados com o que conhecem sobre o Islã. Num desses encontros, um rapaz do colégio Bom Jardim o perguntou se tinha o Alcorão em italiano e chinês. “Os estudantes ficaram encantados quando souberam a variedade de línguas em nossa biblioteca. Disse a eles que temos bem mais do que em italiano e chinês, mas de países de todos os continentes. Devemos, inclusive, aumentar esse número, em breve, para 75”, brincou Wasim.
Desde que passou a fazer parte do Circuito Religioso municipal, a Ahmadia recebe, semanalmente, pedidos de visitas de turistas que aproveitam para conhecer o templo religioso. Pessoas do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Bahia e tantos outros confins do Brasil agendam com a Ahmadia um tempo para saber o que é o Islã e seus costumes. Não raro, são oferecidos aos visitantes quitutes originários do Paquistão. Até mesmo aguçou a curiosidade dos petropolitanos, que ficam abismados com a beleza da mesquita. Isso, na avaliação do líder da religião no país, contribui para que o Islã seja conhecido como uma referência de diálogo entre os povos. “Nossas portas estão abertas para todos. Ficamos felizes em receber todos aqueles que têm curiosidade sobre o Islã”, finalizou Wasim.
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