Microcefalia: tratamento e reabilitação podem proporcionar melhor qualidade de vida

28/01/2016 11:30

Oferecer uma melhor qualidade de vida aos bebês diagnosticados com microcefalia é fator determinante para seu desenvolvimento futuro, de acordo com o neuropediatra Rafael Guerra Cintra. Embora a anomalia prossiga ao longo da vida, o acompanhamento médico é a chave para a diminuição das sequelas.

 Com o crescimento expressivo do número de casos de microcefalia no País, que hoje ultrapassam a marca de 3,5 mil registros relacionados ao Zika, a doença preocupa cada vez mais as autoridades de saúde. Nos primeiros sete dias do ano, houve um aumento de 11% de novos casos em relação às 3.174 notificações anteriores – a região nordeste é a mais afetada.

 Como não há tratamento medicamentoso para a microcefalia, o neuropediatra explica que as habilidades da criança podem ser estimuladas no decorrer do crescimento por meio de terapias. “Tratamentos realizados desde os primeiros meses melhoram o desenvolvimento do paciente, especialmente com a ajuda de fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e fonoaudiólogos. É possível que um bebê tenha melhora na qualidade de vida se houver esse tipo de auxílio”, sugere.

 O fisioterapeuta ajuda, por exemplo, a evitar atrofia dos músculos, estimulando o desenvolvimento motor e o equilíbrio. É importante fazer o máximo de sessões, sugeridas pelos profissionais. Já o fonoaudiólogo trabalha a fala e a linguagem, fazendo com que a criança tenha mais capacidade de comunicação.

 Para o médico, é importante reforçar que os diagnósticos intrauterino e neonatais mudam o processo de evolução da criança. Sobre as possibilidades de diminuição das sequelas, os bebês diagnosticados na gestação ou no período neonatal têm mais chances de se desenvolver no futuro, devido ao diagnóstico precoce. Já os que tiverem a anomalia detectada meses após o nascimento estão mais propensos a ter maiores limitações futuras, pois terão um início tardio de seus tratamentos.

A microcefalia é uma condição rara em que o bebê nasce com o cérebro e o crânio do tamanho menor do que o normal. A malformação é diagnosticada quando o perímetro da cabeça do nascimento a termo (período normal de gestação) é igual ou menor do que 32 cm – o esperado é que bebês nascidos após nove meses de gestação tenham pelo menos 33 cm.

 A principal hipótese discutida para o aumento de casos de microcefalia está relacionada a infecções por Zika vírus, que foi identificado pela primeira vez no País em abril deste ano. Com o sistema nervoso central afetado pelo vírus durante o período de gestação, a doença pode causar problemas de fala, déficits motores e atraso mental, com danos de memória e de raciocínio em graus variados.


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