Ministra defende que participação indígena na COP-30 seja histórica
A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, defendeu que haja uma participação histórica dos povos indígenas na 30.ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP-30), que será em Belém, no Pará, em novembro de 2025. “No Ministério dos Povos Indígenas, estamos organizando um chamado público. Nós vamos chamar lideranças jovens indígenas para uma formação da diplomacia indígena, fazendo uma incidência direta com os negociadores”, disse ela ontem, durante a 10.ª edição da Brazil Conference, realizada no fim de semana na Universidade Harvard e no Massachusetts Institute of Technology (MIT), em Cambridge, nos Estados Unidos.
A mesa-redonda teve início por volta das 13h30, com transmissão pelo YouTube. A ministra também reforçou a importância da população indígena para o mundo. “Nós, povos indígenas, temos uma importante contribuição em toda a mudança que devemos promover no mundo. Somos 5% da população mundial e 82% da biodiversidade viva do mundo está dentro dos territórios indígenas”, afirmou.
Demarcação de terras
Em sua apresentação, Sonia citou ainda que o ministério retomou a demarcação de terras indígenas no Brasil. “Em dez anos, foram apenas 11 territórios indígenas demarcados no Brasil. E, no ano passado, em menos de um ano, conseguimos homologar oito territórios indígenas”, disse a ministra. A moderação do painel foi feita por Rodrigo Medeiros, que lidera a fundação Re:wild, do ator Leonardo DiCaprio.
Durante o debate, o governador do Pará, Helder Barbalho, destacou a importância da bioeconomia. “Que possa estar no mesmo nível de atenção, agora que o Brasil preside o G20, com diversas estratégias que os ministros da Economia estão pensando, que a bioeconomia seja um pilar de desenvolvimento para que nós possamos agregar valores com nossas essências e as riquezas da biodiversidade do Brasil.”
Sobre a COP-30 Belém, Barbalho disse: “Essa será a COP com maior mobilização social da história de todas as edições”.
O evento também teve a presença de governadores, ministros de Estado e outras autoridades para debater assuntos como política, meio ambiente e educação.
Também na conferência, o prefeito do Recife (PE), João Campos, disse ontem que cidades em países como o Brasil vivem hoje o “retrato da desigualdade”, o que fica ainda mais evidente em eventos climáticos. “Não é razoável que, em uma cidade que uma pessoa não durma tranquila em dia de chuva, a gente não priorize isso”, destacou. Joana Guimarães, reitora da Universidade Federal do Sul da Bahia, e Bruno Carvalho, professor de Harvard, também estavam na mesa-redonda, na qual discutiram quais os principais desafios em decorrência das mudanças climáticas. No ano passado, Pernambuco chegou a decretar estado de emergência em ao menos 12 cidades após fortes chuvas.
Organizada pela comunidade brasileira de estudantes de Harvard e do MIT, a conferência teve parceria do Estadão.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.