Moda masculina, em alta, já chega perto dos 42% do mercado

21/01/2023 08:32
Por Alice Ferraz / Estadão

Acompanhando o já tradicional calendário de lançamentos, janeiro é mês das semanas de moda masculina nas grandes capitais mundiais. Com uma série de desfiles e apresentações organizados pelas grandes marcas internacionais, o evento abre a temporada de outono-inverno no Hemisfério Norte com um cronograma que segue com a semana de alta-costura – no dia 23 – e termina com as tão faladas semanas de prêt-à-porter feminino de Nova York, Londres, Milão e Paris – estas programadas para acontecer entre fevereiro e março.

Neste ano, no entanto, as semanas de moda dedicadas aos homens chegam com mais atenção da mídia e presença de celebridades em seus desfiles, o que sugere uma maior importância dessa fatia do mercado.

A justificativa principal dessa mudança está nos números. Segundo dados da empresa de pesquisas Statista, em 2018 o mercado masculino representava cerca de 31,7%, em volume de vendas do consumo de moda como um todo; em 2022 este número saltou para aproximadamente 40,3% e a previsão é de crescimento. Em 2023 é esperado que a moda masculina seja responsável por 42,5% do total da renda do mercado de moda globalmente.

Há algumas temporadas vimos o foco desse mercado se voltar completamente para o streetwear. Marcas como o fenômeno Vetements – criada em 2014 pelos irmãos georgianos Demna e Guram Gvasalia – fizeram nascer no público masculino um desejo ardente por camisetas e moletons oversized, tênis e calças jeans. Nessa época, que teve seu auge entre 2017 e 2019, a alfaiataria perdeu força e a moda das ruas reinava absoluta.

Peças ajustadas

Desde então, o mercado vem se afastando dessa imagem e o que vimos nas passarelas em 2023 mostra uma quebra quase completa com essa linguagem. Nesta temporada o foco é um visual muito mais “arrumado” com peças bem ajustadas e cores sóbrias, tudo sem deixar de lado o mélange de referências do mundo dos esportes e das ruas que são tão amados pelo público em geral, trazendo em especial uma peça e a forma como ela foi apresentada neste mês de janeiro: a puffer jacket.

As jaquetas acolchoadas – que inicialmente tinham apenas a função técnica de promover isolamento térmico – surgiram no mercado nos anos 1930, ganharam fama nos 40 e com o passar dos anos se transformaram. Nos anos 1980 a puffer jacket chegou a ser o símbolo de um movimento de subcultura de jovens em Milão conhecido como Paninaro.

Há alguns anos, a francesa Balenciaga trazia puffer jackets com tamanhos extremamente exagerados, sobre camisetas e moletons e neste janeiro diversas marcas apresentaram a peça de forma mais refinada para se adequar aos novos desejos do consumidor.

Cortes precisos

Na italiana Fendi as jaquetas acolchoadas são feitas de couro e vêm acompanhadas por calças jeans com cortes precisos de alfaiataria e malhas de cashmere. Ou, então, em versões alongadas e ajustadas à silhueta, usadas com camisas impecáveis que recebem intervenções e pingentes na gola. Todo o desfile da marca, por sinal, vem pautado por uma elegância fascinante que subverte o clássico ao apostar em ornamentos, texturas e misturas.

A história se repete na passarela de Giorgio Armani, que trouxe desta vez uma versão notável do casaco acolchoado, este todo feito em pele falsa, como pedem os novos tempos de consciência na moda. Já as tradicionais Zegna e Brunello Cucinelli, famosas mundialmente pela alfaiataria indefectível, trouxeram jaquetas e coletes puffer elegantemente colocados sobre ternos.

E até mesmo grifes que nasceram com o DNA no estilo streetwear, como a VTMNTS – marca filha da Vetements – parecem ter mudado seu olhar, apresentando a peça em uma coleção mais sóbria, contida e, até certo ponto, clássica.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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