Monitoramento de silvestres na Rebio Araras ajuda a preservar espécies ameaçadas

07/02/2022 15:06
Por Vinícius Ferreira

Estão se tornando mais comuns os registros de animais silvestres como a Onça-parda, o maior felino da Mata Atlântica, na região de Petrópolis. Esses registros são importantes indicadores do equilíbrio do ecossistema e também da necessidade de preservação. A maior frequência, tem um motivo: o maior monitoramento com as chamadas “armadilhas fotográficas”. E foi graças a essas ferramentas que, na última terça-feira (1) e também na quinta-feira (3), que dois animais da espécie foram flagrados por câmeras do sistema da Reserva Biológica – Rebio Araras, em Petrópolis (vinculada ao Instituto Estadual do Ambiente – Inea).

“Começamos em fevereiro do ano passado um trabalho intenso de expansão desse videomonitoramento. No princípio eram duas câmeras, agora estamos com cinco, que funcionam o tempo todo”, conta a chefe da Rebio Araras, Érica Melo. O monitoramento constante é uma forma importante de dar subsídios de dados para os pesquisadores. “Serve também para o nosso entendimento de como é o comportamento desses animais. Com esse trabalho já temos alguns indicadores de equilíbrio grande nessa região. Não apenas na Reserva Biológica de Araras, mas também por conta do corredor formado com a Rebio Tinguá e Parnaso”, destaca.

No registro divulgado pela Rebio Araras, na terça-feira (1), a Onça-parda se aproxima e quase encosta na câmera, antes de ir embora. Dois dias depois, outro animal também foi flagrado em outro ponto da reserva e na mesma região, os pesquisadores registraram uma família de Queixada (uma espécie de porco do mato de grande porte, o maior porco nativo do Brasil). “Esses animais estão na cadeia alimentar da onça, que é o topo da cadeia. E a presença dessas duas espécies na reserva é um indicador de que há equilíbrio. Inclusive temos um registro recente de um casal de onças”, conta Érica.

Um ambiente equilibrado oferece menos riscos aos seres humanos

Uma das maiores ameaças às pessoas que habitam próximas às áreas de matas é a ação do próprio homem. Um levantamento feito pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio aponta que “a supressão e fragmentação de habitat para a expansão agropecuária e a mineração, além da exploração de madeira para carvão, a eliminação de indivíduos por caça, retaliação por predação de animais domésticos, queimadas (principalmente em canaviais) e atropelamentos também contribuem significativamente para a redução da população da onça-parda”. São essas essas  ações que provocam o desequilíbrio no meio ambiente.

“A gente não tem registros de ataques de onças pardas a humanos. O animal em um ambiente equilibrado não vai buscar um alimento que seja diferente do que ele está habituado. O ser humano não faz parte da cadeia alimentar da onça-parda. E, quando ela tem oferta do alimento na própria cadeia, ela dificilmente irá buscar algo diferente disso”, ressalta a chefe da Rebio.

As imagens divulgadas recentemente são sinais de que enquanto houver equilíbrio na natureza, não há com o que se preocupar. “Quando a gente faz esses registros a gente consegue perceber que a cadeia tá funcionando. Tem equilíbrio, tem variedade, tem muitas espécies. Não só desses mamíferos, mas muitos répteis e outros diversos animais, como  pacas e cachorros do mato, que a gente tem observado”, pontua Érica.

Administrada pelo Inea, a Rebio Araras abriga e protege diversas espécies raras, vulneráveis, endêmicas e ameaçadas de extinção da fauna e da flora em seus 3.862 hectares de Mata Atlântica. A unidade de conservação abrange partes dos municípios de Petrópolis e de Miguel Pereira. A mesma tem extrema relevância na prestação de serviços ecossistêmicos na região, principalmente para a segurança hídrica, uma vez que protege cerca de 110 nascentes e 100km de extensão de cursos hídricos. Além disso, no âmbito do Mosaico Central Fluminense, ainda conecta a Reserva Biológica do Tinguá à Zona de Vida Silvestre da Área de Proteção Ambiental (APA) Petrópolis, duas unidades federais da Região Serrana. Na Reserva são permitidas apenas visitas de cunho educacional e/ou realização de pesquisas científicas, mediante autorização prévia.

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