Monitoramento é arma para defender as crianças

23/03/2019 12:10

Vivemos tempos modernos. A época em que brincadeira de criança consistia em jogar pique na rua, chegar em casa suja de tanto rolar no quintal ou se meter em aventuras inusitadas, ficou na memória de muitos, mas nem se aproxima da realidade atual. Como tudo ganhou um toque de tecnologia, até a vida dos pequenos acabou transformada por ela. Mas enquanto pais, o que fazer para não deixar a internet, jogos e televisão influenciarem totalmente a rotina daquela criança ou adolescente? Como driblar os filhos e controlar tudo o que se passa nas telas de celulares, tablets e computadores? 

A jornalista Aline Sales tem uma estratégia para garantir a qualidade do conteúdo que a filha assiste. Para ela, vigiar sempre e conversar bastante são a base para a segurança da criança. “Assisto primeiro a tudo o que ela me pede para ver. De manhã ela brinca e assiste desenho. Depois vai para escola. Quando chega em casa, faz as tarefas, estuda o que aprendeu na escola e escolhe se vai ver vídeo na internet ou assistir a novela infantil, os dois no mesmo dia não deixo”, conta. 

Uma forma de controlar o que as crianças e adolescentes veem é baixando aplicativos no celular, onde se tem acesso a todo conteúdo pesquisado por eles. “Existem recursos que o mercado disponibiliza para que você tenha esse controle. É uma opção, mas o diálogo e confiança estabelecida entre pais e filhos é de suma importância. Alertá-los do perigo que ele corre diante do nível de exposição e do que é visto na internet, conversar… As duas coisas aliadas, podem ser muito úteis”, comenta a psicóloga Regina Resende.

A técnica faz parte da vida da autônoma Helena D’Ottenfels, que também estabelece horário para começar e para terminar a interação nessas redes, desde que as lições da escola sejam cumpridas corretamente. “As contas de youtube e videogame são vinculadas ao meu e-mail para que eu seja notificada de tudo e consiga acompanhar realmente de perto”, relata.

“É muito importante acompanhar tudo o que nossos filhos veem e fazem. Já falávamos isso na época em que se tinha apenas a TV, mas agora com internet é necessário reforçar os cuidados. Saber quem são os amigos, em que casas dormem, trazer seus amigos e familiares deles para dentro do nosso ambiente de casa, para podermos conhecer com quem eles se relacionam. É altamente necessário, rico e proveitoso. Nós sabemos que o jovem carece de limites, pois não sabe o que fazer com a sua liberdade. Oferecer esse apoio, segurança, deixa ele respaldado em relação ao que vai surgir”, explica a especialista. 

Jaqueline Vogel alerta para o uso de páginas no modo oculto, que pode ter o objetivo de tentar esconder dos pais, aquilo que é visualizado na internet. “Para deixá-los usarem tem que ter confiança. No meu caso, se sentir que apagou uma página, fica sem o acesso. Recomendo aos pais desabilitarem o uso de páginas ocultas. Já vi exemplos de crianças mandando conteúdo de coisas que estavam em páginas dessa forma e os pais nem ousam em saber”, diz.

Além das ações que podem ser feitas dentro do próprio ambiente residencial, acompanhar de perto com os professores, a escola e pessoas que os cercam, pode ser essencial, para diagnosticar possíveis problemas, através de um olhar profundo, que pode contribuir totalmente para o desenvolvimento.

“Se percebe ele mais calado, mais entristecido, mais pensativo… os pais percebendo isso, tendo acesso a tudo que pesquisam e tendo diálogo, isso é preventivo para possíveis problemas que possam surgir. A criança e adolescente pode estar sofrendo algum tipo de bullying ou assédio e que não se sinta segura para falar, ter o rendimento na escola afetado, o que é um sinal muito significativo”, pontua Regina. 

Ainda segundo a especialista, os conteúdos que se propagam na mídia podem sim influenciar a vida dos pequenos. A inspiração em muitos momentos vem de alguma personalidade que pode trazer referências negativas para aquela criança.

“É importante analisar quem são essas pessoas e conversar com eles, sobre o motivo que os fazem admirar essa pessoa. Porque essas condutas trazem essa admiração. Educação demanda tempo, esforços, mas é isso. Filhos são um projeto de vida no qual precisamos saber e ter consciência de nossa responsabilidade quanto ao crescimento e desenvolvimento daquele ser”, finaliza.

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