Moradores de Nogueira assumem tarefa de criar jardim botânico em volta do lago

24/12/2016 10:05

O tradicional lago de Nogueira passa por um processo de revitalização. A decisão judicial sobre a construção de uma estação de tratamento de esgoto em 2017 na região, o desassoreamento do lago e a construção de um jardim botânico na parte que foi aterrada prometem trazer qualidade de vida aos moradores da região, além de preservar a fauna e a flora de um lago que foi quase extinto.

Hoje o lago de 35.000m² é 1/3 do seu tamanho original. Mesmo assim grande parte do que sobrou se transformou em pântano. A poluição da água por despejo de esgoto durante décadas e o assoreamento natural foram destruindo o ecossistema. Além disso, em 1999, os governos do Município e Estado deliberadamente aterraram 2/3 do lago com a terra de um deslizamento da região. Ou seja, uma área de 20.000m² deixou de existir. Desde então moradores da região brigam na Justiça pela remoção da terra. “Foi literalmente um crime o que fizeram. Só porque não tinham onde colocar a terra, acharam por bem despejá-la aqui, destruindo mais da metade do lago”, disse o engenheiro químico e membro do Comitê Pró Jardim Botânico, Luiz Carlos Veiga.

O processo judicial que durou 16 anos teve fim no dia 12 de julho deste ano, quando o juiz Alexandre Teixeira de Souza bateu o martelo para salvar o patrimônio ambiental. O que foi aterrado não será desfeito, mas o governo do Município terá que urbanizar o local e construir um Jardim Botânico. Já o governo do Estado terá que desassorear o que restou do lago. E a concessionária Águas do Imperador terá de construir uma estação de tratamento de esgoto no bairro – que já tem previsão para ser concluída em 2017, de acordo com a Associação de Moradores de Nogueira.

No entanto, os moradores da região não pretendem esperar de braços cruzados as ações do poder público. “Queremos buscar parcerias com a iniciativa privada para não ficar na dependência de quando o governo tiver verba ou não para investir aqui”, disse Luiz Eduardo Basílio, presidente da Associação de Moradores de Nogueira, que em uma parceria com o Comitê Pró Jardim Botânico vem buscando junto a empresas e ONGs ajuda para revitalizar o local. Um exemplo é a parceria com o Grupo Petrópolis, através do projeto AMA (Área de Mobilização Ambiental), na plantação de 600 mudas de plantas nativas da Mata Atlântica (sendo 20% de árvores frutíferas) nos arredores do lago. Cerca de 300 já foram plantadas este ano.

“Achamos espetacular a iniciativa da associação!  É um antigo ponto turístico da cidade. Nos sentimos muito felizes e satisfeitos em participar da revitalização de uma área tão nobre”, disse Renato Souza, coordenador administrativo da unidade de Petrópolis do Grupo Petrópolis. Lançado em fevereiro de 2010, o Projeto AMA (Área de Mobilização Ambiental) promove ações em prol do Meio Ambiente, visando à preservação e à conscientização da comunidade. O grupo já plantou 350 mil mudas só em Petrópolis.

Outro exemplo de mobilização é a parceria com o Projeto Água, que atuará junto à Escola Municipal Nilton São Tiago, desenvolvendo um trabalho de educação ambiental e plantio de mudas. "É importante que as crianças tenham consciência do que acontecerá perto delas aqui e que possam participar de alguma forma", disse a gestora ambiental e voluntária no projeto, Pâmela Mércia, de 24 anos.

“A educação ambiental é fundamental, porque hoje você faz e amanhã alguém desfaz. Mas, quando há educação ambiental, é mais difícil isso acontecer. E as conquistas são mais duradoras”, disse Luiz Carlos.

Uma atitude prática e aparentemente pequena, mas que terá grandes resultados, é a colocação de lixeiras ao redor do lago, por iniciativa privada do Comitê Pró Jardim Botânico. Geraldo Machado, membro da associação, conta que eles já haviam solicitado à Prefeitura que colocasse lixeiras, pois o local estava sem há muito tempo. Como isso não ocorreu, o grupo teve a iniciativa de criar uma “lixeira reciclada”, com o reaproveitamento de baldes de água sanitária, que foram adesivados e pendurados em postes.

Para o ano que vem o grupo espera que os governos do Município e Estado se manifestem (o que ainda não foi feito, de acordo com os moradores) e cumpram o que foi determinado pela Justiça, em reparo ao meio ambiente, que foi tão prejudicado 16 anos atrás.


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