Motoristas de ônibus de SP ameaçam greve por vacina; justiça exige 85% da frota
Motoristas de ônibus e cobradores ameaçam paralisação de 24 horas, caso o governo de São Paulo não inclua a categoria no calendário de imunização estadual contra a covid. Uma liminar obtida no Tribunal Regional do Trabalho pela Prefeitura e pela Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes, no entanto, obriga que o transporte público funcione na capital com pelo menos 85% da frota nos horários de pico (de 6h às 9h e de 16h às 19h) e 70% nos demais horários, sob multa diária de R$ 200 mil. Nesta segunda-feira, 19, a gestão João Doria (PSDB) anunciou o início da vacinação de funcionários da Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô) e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) para 11 de maio.
A decisão assinada pela juíza Renata de Paula Eduardo Beneti frisa que o direito de greve é assegurado aos trabalhadores pela Constituição Federal, mas entende que o transporte público é serviço essencial durante a pandemia do coronavírus. Assim, determina que os profissionais da categoria são “obrigados, de comum acordo, a garantir, durante a greve, a prestação dos serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade”.
Líderes sindicais esperam reunião com representantes do governo na noite desta segunda para fechar posição. “A greve está autorizada, mas só vamos bater o martelo após a reunião com o governo”, afirmou Francisco Xavier, o Chiquinho, diretor do Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo (SindMotoristas). Em uma reunião com outros líderes da categoria, membros da diretoria afirmaram que só vão suspender a greve caso a inclusão dos motoristas no plano de imunização valha para todo o Estado, e não só para a capital.
Em Guarulhos, segunda maior cidade do Estado, o Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários no Transporte de Passageiros, Urbano, Suburbano, Metropolitano, Intermunicipal e Cargas Próprias (Sindverg) também já indicou que pretendia aderir à greve, caso a inclusão da categoria não seja anunciada ainda nesta noite. “Se não houver decisão satisfatória, não resta alternativa senão fazer uma paralisação, uma greve sanitária, um lockdown do transporte público, em todo o Estado”, afirma um comunicado oficial da associação.
Apesar de já terem sido incluídos no calendário de imunização, funcionários da CPTM também apoiam a paralisação desta terça e organizam uma greve, marcada para o próximo dia 27, com o objetivo de reivindicar reajuste salarial e o pagamento do Programa de Participação nos Resultados. De acordo com a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte e Logística (CNTLL), a “greve sanitária” também será apoiada pelos trabalhadores em transportes das cidades de Sorocaba, Jundiaí, Vale do Paraíba, Piracicaba, Bauru, Adamantina, Dracena, Limeira e agentes de trânsito de São Paulo (Sindviários).