MP cumpre mandados de busca e apreensão em investigação que apura desvio de dinheiro no Hospital Clínico de Corrêas

08/07/2021 10:10
Por Janaina do Carmo

O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) cumpre nesta quinta-feira (8), dois mandados de busca e apreensão na investigação que apura o desvio de dinheiro no Hospital Clínico de Corrêas (HCC). Os endereços das buscas não foram divulgados pelo MP, mas de acordo com as investigações o alvo é o sócio da unidade, suspeito de desviar mais de R$ 3 milhões do hospital. Os mandados foram expedidos pela 1ª Vara Especializada da Capital.

De acordo com o Ministério Público, Alexandre Pessurno (sócio do HCC) teria desviado o dinheiro da unidade para outro hospital, o Nossa Senhora Aparecida (HNSA), administrado por seu filho. O HNSA foi inaugurado em maio de 2020 e fica localizado onde antes funcionava a Casa da Providência, no Valparaíso.

Ainda segundo o MP, Alexandre também teria feito remessas indevidas de alimentos e utilizado a estrutura do Hospital Clínico de Corrêas para lavar roupas hospitalares do HNSA e da Casa de Saúde Santa Mônica (CSSM), além de ter utilizado recursos do HCC para pagamento de salários de funcionário desses dois hospitais.

O MP informou ainda que durante a investigação, equipes da 106ª Delegacia de Polícia (DP), em Itaipava, constataram veículos saindo do HCC e desembarcando com volumes em sacos plásticos grandes e pretos, bem como com embalagens de “quentinhas”. Para o MP, a atitude, devidamente gravada, seria a evidência de que o Hospital Clínico de Corrêas estaria suprindo interesses pessoais de Alexandre sem a devida contraprestação.

Em dezembro de 2020, a Polícia Civil (PC) já havia cumprido mandados de busca e apreensão contra Alexandre Pessurno e outro sócio do hospital. Na época foram realizadas ações em endereços de Itaipava e nas cidades de Teresópolis e do Rio de Janeiro (na Barra da Tijuca). Foram apreendidos documentos e bens de luxo. O inquérito na 106ªDP foi aberto em 2020 após denúncias feitas por outro diretor do HCC. Ele denunciou possíveis fraudes na utilização de leitos do hospital.

Nessa operação deflagrada nesta quinta-feira, o Ministério Público apura crimes de estelionato, apropriação indébita, além de possível corrupção e lavagem de dinheiro. Ainda não foi informado pelo MP o que foi apreendido nos endereços.

O Hospital Clínico de Corrêas é uma unidade particular, mas tem convênio com o Sistema Único de Saúde (SUS) contando com leitos clínicos e de Unidade de Terapia
Intensiva (UTI) conveniados com a Prefeitura de Petrópolis. O Hospital Nossa Senhora Aparecida também tem convênio com o município e desde que foi inaugurado atende principalmente pacientes com covid-19, tanto em enfermarias quanto nas UTIs.

A Casa de Saúde Santa Mônica também atende pacientes com covid-19 da rede pública de saúde. Em março de 2020, a unidade foi requisitada administrativamente pela Prefeitura para o atendimento desses pacientes.

HCC lembra que não é alvo de investigação

Em nota enviada à imprensa no início da noite desta quinta-feira, a direção do Hospital Clínico de Corrêas esclareceu que não é alvo das investigações do MP, “com foco único e exclusivo no antigo sócio da unidade hospitalar, Alexandre Pessurno”.

O Hospital lembrou, ainda, que denúncias investigadas pelo MP dão conta da utilização de recursos do HCC para o pagamento de salário de colaboradores de outras unidades citadas no processo.

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