Mudança de Rotina

Nas últimas horas do ano de 2020, vigente marca do tempo convencionado na Terra pelo calendário da era cristã, somos náufragos da epidemia do corona virus, despreparados para assumir o que vem adiante, uma incógnita das muitas reservadas e a continuar cumprindo nesse século XXI.

Com efeito, no bimbalhar festivo dos sinos mundiais na passagem de 2000 para 2001, quando esperanças imensas alimentavam os corações humanos, clamando pela nova era, efetivamente tudo veio mudando a partir da geopolítica mundial, sob um extraordinário avanço cientifico, porém mantendo e até ampliando a miséria de imensa massa humana mal distribuída e pessimamente atendida pela crescente podridão da politicaria imbecil praticada no planeta.

Vinda do tumultuoso bate-cabeças das potências mundiais, explorando os países em desenvolvimento, continuando a gatuná-los vilmente no abocanhar das matérias primas naturais e servindo-se de ultrapassados totalitarismos que a razão humana tem abolido, desprezado, rejeitado e combatido – nossa américa latina, por exemplo – a Humanidade já viveu 20 anos deste nosso século.

Muito aconteceu de ruim a péssimo, porém alguns avanços foram registrados, notadamente o esvaziamento do poder absoluto de tiranos opressores, tanto pela força bruta e manutenção da ignorância, como do sepultamento das teorizações fascista, comunista, pseudo socialista, sob prestígio das urnas democráticas – por corrupção ou não -, mas do feitio opressivo de usar e manter, como palanque oficial e até legal, a miséria da população. Tal aconteceu em países ditos desenvolvidos como nas republiquetas dos caudilhos que têm conseguido sobreviver e em estados democráticos onde cúpulas de prestigiadores conseguem ilusionar as plateias que partem para o terrorismo, em revoltas e quebra-quebras de patrimônios públicos e privados.

De repente, no meio dos escombros insensatos dos seres humanos viventes, surge um vírus silencioso, fantasmagórico, letal, como são os vírus; e muda tudo, confunde os cientistas, brinca com a vida no instalar da morte traiçoeira, asila a parca rápida e sofrida, ensandece sociedades acostumadas a rotinas, que de nada mais servem senão para insatisfazer a vida pela rebelião da sensatez no descumprimento da nova ordem cautelar.

Surgem as provocações ditadas pelo ajuntamento de pessoas, a cara limpa sem a máscara, as reuniões que viram clandestinas, esportistas contraindo nos gramados e quadras a virulência instalada na atmosfera; enfim, senhoras e senhores, abram alas ao desrespeito às recomendações legais, síndrome social que se instala, recheando os leitos hospitalares e as estatísticas, agora a coqueluche dos noticiários diariamente sustentados pela mídia universal.

As vacinas trazem esperança para a recomposição do mundo nesse novo ano de 2021. Mas, enquanto os políticos discutem suas sinecuras, continuamos pagando o macabro preço no ceifar de tantas vidas mundo afora.

Adeus ao ano de 2020, de legado tão sinistro, mas que também tem sido, o ano da reflexão de toda a Humanidade que necessita severa mudança de rotina.