Muito cuidado ao deixar o seu cão andar sozinho pelas ruas

12/05/2016 15:17

Muitos cães têm o hábito de dar "uma escapadinha" ou até mesmo fugir de casa. Vários proprietários contam que basta abrir o portão para que o animal saia correndo para dar uma volta na rua. Esse costume, por vezes considerado inocente, pode causar alguns problemas e é muito comum em filhotes, independente de raça ou temperamento dos pets.

"Cães sozinhos nas ruas sem seus donos estão expostos a vários riscos que vão desde os mais óbvios como atropelamentos, maus-tratos por desconhecidos, brigas com outros cães até a maior exposição a doenças virais e parasitárias, incluindo os ectoparasitas (pulgas e carrapatos)", revela a médica veterinária Patrícia Mourão.

De acordo com a especialista, dentre as doenças as quais os cães estão expostos são as virais como: cinomose, parvovirose, coronavirose, parainfluenza e rotavírus. Há também as parasitárias como verminoses em geral e a Erlhiquiose, conhecida popularmente como a doença do carrapato. Vale ressaltar que apenas um carrapato pode ser o suficiente para transmitir a patologia.

"O ideal é que cães não andem pelas ruas sozinhos. Se o animal possui a necessidade de ir à rua, que seja devidamente identificado, com coleiras e com seus donos. Quando o animal é, por exemplo, adotado e já vem com esse hábito, deve-se ter o máximo de cuidado para que ele não fuja de sua nova casa e que se acostume com a guia. A castração desses animais pode diminuir consideravelmente essa necessidade, assim como colocá-los para se exercitar. A instalação de grades e cercas pode também ajudar e, se for necessário, a contratação de um profissional da área contribui nessa tarefa nem sempre fácil", revela Patrícia.

É importante para o dono do animal estar ciente que o mesmo só pode ir à rua após todo o protocolo vacinal feito por um médico veterinário de sua confiança. Esses cães devem também ser periodicamente vermifugados. Todos esses cuidados diminuem a probabilidade de algum contágio.

"O protocolo de vacinação inclui normalmente quatro doses da vacina que chamamos de polivalente. Essas imunizações protegem contra as principais doenças caninas (cinomose, parvovirose, coronavirose, parainfluenza, hepatite canina, leptospirose), geralmente com intervalos que podem variar de 21 a 30 dias e uma dose da vacina antirrábica. Após esse processo, o animal está liberado para sair à rua", explica a veterinária.

Existem algumas técnicas que podem ser utilizadas para evitar esse comportamento e, até mesmo treinar o cão para que ele não fuja mais. A especialista ressalta que qualquer tipo de ensinamento a um animal requer paciência, tempo e muito amor. "Um profissional em adestramento é muito útil em casos mais difíceis ou animais mais velhos já que, no geral, filhotes aprendem mais rapidamente". Patrícia dá algumas dicas a serem seguidas:

– Em primeiro lugar, o cão precisa reconhecer alguém da família como o "macho alfa", "quem manda na matilha";

– O estímulo positivo, ou seja, toda vez que o animal ficar próximo ao portão e não sair, ou não demonstrar interesse, ele deve ser recompensado com festa ou até mesmo guloseimas;

– Limitar a passagem do animal com uma corda é outro exemplo a ser posto em prática, para que cada vez mais ele obedeça e não ultrapasse o limite estabelecido. O proprietário pode afastar a corda até chegar ao portão, de acordo com a necessidade;

– Obviamente, se esse for o local onde o animal fica por um longo tempo, ele precisa ser o mais limpo possível, com água à vontade e fresca, boa alimentação e brinquedos para distraí-lo, evitando assim o estresse e uma possível necessidade de fuga.

"Os nossos cães domésticos ainda possuem alguma genética de seus ancestrais, que viviam em matilhas e precisavam andar muito e correr por alimento. Consequentemente, esse comportamento ainda existe. Quanto mais estímulos existirem do lado de fora e quanto mais suscetível for o animal, maior será a chance de fuga", conclui Patrícia.

A jornalista Luciane Fortunato conta que conheceu Pery quando foi abandonado já adulto, no início dos anos 2000, na Mosela. Na época, uma senhora começou a dar comida e água ao cão, mas nunca tirou a liberdade de ir e vir a hora que quisesse. Mais de dez anos se passaram e após o falecimento da idosa, o cão também já velhinho foi acolhido, há dois anos, pela jornalista. A nova tutora pena com os antigos hábitos do cão! "Apesar de idoso, Pery (hoje com 12 anos) é um cão bastante ativo, ainda gosta de correr e sente muita falta de andar pelo bairro. Não consegue se habituar nem a fazer as necessidades no quintal."  

Luciane explica que Pery tem necessidade de continuar sendo livre. Quando passa alguém na rua ou um cachorro, ele quer sair para "confraternizar".  "Acabo deixando ele dar uma voltinha, mas estamos cientes de todos os perigos que ele corre. Por isso é muito importante que as pessoas não acostumem o cão assim, não incentivem essa prática, pois tirar esse hábito, principalmente de um cão idoso, pode deixar o bicho mais triste".

A jornalista ressalta que mantém os cuidados veterinários em dia, porém pensa em contratar um profissional para ensinar ao Pery a ficar em casa. Ela ainda destaca como é difícil modificar esse costume em um cão adulto e que só o deixa sair quando ele chora muito, já que passear acompanhado e com coleira para ele não é suficiente. "Felizmente, aos poucos essa necessidade está diminuindo, pois acredito que Pery seja capaz de reconhecer todo o carinho, amor e cuidado que tenho por ele".

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