Mulheres ainda têm participação tímida no cenário político municipal

19/01/2020 11:09

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ao divulgar as resoluções para as eleições municipais de 2020, num dos textos chamou atenção para o respeito ao percentual de 30% e 70%, frisando que se trata de gênero, podendo ser o percentual maior formado por mulheres. Na eleição de 2016, do total de 238 candidatos a vereadores, apenas 73 eram mulheres e apenas uma, Gilda Beatriz (MDB), conseguiu se eleger. Ela foi quem recebeu o maior número de votos da cidade, garantindo a cadeira na Câmara com 5613 votos. A segunda candidata mais votada, Fernanda Ferreira (PSB), teve 1281 votos e ficou em 35ª colocação na votação geral. 

Luciana Périco, que em 2016 foi a terceira mulher mais bem votada, conquistando 804 votos pelo PSD, afirma que a participação feminina nas eleições é importante, lamentando apenas que os partidos ainda tenham uma atitude machista. “Quando me candidatei não foi fácil. Tive que brigar muito para garantir meu espaço e mesmo assim não tive toda atenção do partido que candidatos homens tiveram”, comentou, deixando claro que recebeu material de campanha de partido, “mas atenção não foi a mesma”. 

Na sua opinião, as mulheres deveriam participar mais da eleição e não permitir que suas candidaturas sejam apenas para cumprir uma cota de 30% como normalmente é imposto pelos partidos. “As mulheres precisam participar e ter o propósito de serem eleitas, pois somos capazes. Temos todas as condições de participar do processo eleitoral, mas para que isto ocorra é preciso que as mulheres mudem e participem não como coadjutoras, mas também como protagonistas deste processo”, afirmou Périco.

A manifestação de Luciana sobre a participação da mulher no processo eleitoral não é  à toa e se justifica pelos dados do TSE. De acordo com o Tribunal, em outubro de 2016, mês eleitoral, Petrópolis tinha 244.648 eleitores, sendo 129.931 mulheres. Elas eram maioria, com uma diferença de 15.541 eleitoras a mais que os homens, dando para eleger pelo menos três mulheres. 

Na tabela ao lado, é possível compreender melhor a distorção existente entre a votação conquistada pelas candidaturas femininas e masculinas, sendo que pegamos apenas os 20 mais votados. Entre os homens não eleitos, Cirineu Guimarães aparece na 37ª colocação, com 1246 votos, no resultado final da eleição de 2016. Fernanda Fernandes aparece na 35ª com 1281 votos; depois dela, Luciana Périco na 60ª colocação com 804 votos e Renata Fadel com 446 votos na 90ª colocação. 

A vereadora Gilda Beatriz também afirma que a mulher precisa se inserir mais na política e espera que este ano o número aumente e que outras sejam eleitas para Câmara. “A minha reeleição é uma prova que mesmo sem apoio, mas com determinação, é possível mudar a realidade, pois ninguém esperava que eu fosse a mais votada da cidade”, afirmou a vereadora, que superou inclusive o principal candidato do MDB em 2016, o vereador Paulo Igor. 

 

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