Mulheres conquistam cada vez mais espaço no mundo digital
O avanço da mulher no mundo digital é uma realidade. Embora o setor ainda seja dominado pelos homens, a indústria da tecnologia vê o público feminino crescer nos últimos anos e isto é reforçado por um levantamento realizado pela Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia e Comunicação (Brasscom), que aponta 37% das vagas de tecnologia da informação nas mãos delas.
O crescimento da mão-de-obra feminina vem em consonância com a expansão do mercado da tecnologia no mundo todo. Os dados da Brasscom somente confirmam a tendência de que as empresas estão cada vez mais dispostas a incluir as mulheres num segmento primordial para a sociedade. Em Petrópolis, há talentos femininos e muita disposição por parte delas, a fim de mudar uma realidade e, com isso, seguirem uma tendência no sentido de equilibrar um universo ainda dominado pelos homens.
Há 18 anos, a professora Marcilene Scantamburlo resolveu desafiar esse universo e foi à luta. Professora universitária com especializações na área da ciência da computação, Marcilene é o retrato fiel de que é possível vencer barreiras sociais com competência e dedicação. Atualmente, o fruto de seu esforço de quase duas décadas em se integrar ao mundo da tecnologia deu resultado.
A chamada Pauta On Line – um negócio voltado para a educação – deixou de ser uma startup recentemente e se transformou em uma empresa. A Webroad e a Mentor APP são criações suas e muito premiadas, por sinal. Atualmente, Marcilene participa de alguns dos principais eventos internacionais ligados a negócios e tecnologia, sendo uma referência no campo da inovação.
Apesar de reconhecer que o universo da tecnologia da informação ainda é masculino, vê as mulheres diminuindo essa diferença nos últimos anos. Ela exemplifica ações de algumas empresas no sentido de dar o real valor aos talentos femininos como a Microsoft, que possui um curso de capacitação exclusivamente voltado para as mulheres. Ela própria integra um grupo feminino chamado de C-Level, que se dedica à discussão e a ações no setor.
Com uma história muito parecida com a de Marcilene, Pollyana Lima é um outro belo exemplo bem-sucedido de conquista do espaço. Ela é especialista em Tecnologia da Informação e compõe atualmente a equipe da Nexcore Tecnologia e possui mais de 15 anos de experiência na área. “Trabalhar nesta área sempre foi meta, mesmo ciente das possíveis dificuldades”, diz.
“Na minha sala da aula, por exemplo, tinha apenas duas mulheres, enquanto a quantidade de homens era de aproximadamente 26. E mesmo sendo um ambiente intimidador e desafiador, com o passar dos anos foi se tornando cada vez mais meu objetivo me consagrar na área de TI. Para mim é uma conquista pessoal”, ressalta a especialista.
Estar inclusa no mercado de trabalho em TI é uma vitória pessoal. Só que não é, de fato, necessário conhecer com profundidade os meandros da ciência da computação para vencer em um mundo dominado por homens. A gestão do setor conta muito e a mulher tem seu lugar guardado. Foi assim que a jornalista Thaís Ferreira se impôs com sua determinação e competência.
Gerente Executiva do Serratec, Thaís é também uma defensora do papel feminino em tudo que se refere à sociedade. Para ela, o lugar da mulher “é onde ela quiser” e mesmo concordando que os homens são maioria, existe um esforço para que se mude essa situação. “As mulheres têm a capacidade de exercer quaisquer funções que o homem desempenha. Acredito que a dominância do homem se dá porque muitas delas, há algum tempo atrás, eram minoria em cursos como lógica e matemática. Mas isso já mudou”, disse a jornalista.
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O ingresso maior da mulher no mercado de tecnologia pode criar um ambiente mais equilibrado, na avaliação do Gerente de Recursos Humanos da Orange, George Paiva, que é um defensor de uma participação maior delas no setor. “O ingresso da mulher no mercado é uma necessidade e alcançar esse equilíbrio é um desafio para os negócios. Isso vai além necessidade do crescimento das empresas”, disse o especialista.
“Historicamente, não existe esse equilíbrio [relação de trabalho entre homens e mulheres], porque as organizações criaram práticas específicas. Vejo que existe uma necessidade natural do papel das mulheres cada vez maior no universo do trabalho, sendo que é importante destacar que cada um tem seu papel a desempenhar. A mulher tem que ser o que ela é, nem melhor ou pior, e sim um complemento para a organização atingir a esse equilíbrio”, finalizou George.
Empresa dá exemplo positivo no processo de inclusão da mulher
Em Petrópolis, o mercado da tecnologia da informação só tende a crescer com os projetos do Serratec. A cidade lidera no número de empresas na Região Serrana – são 100 empresas que empregam cerca de duas mil pessoas – e uma delas tem um projeto voltado para uma maior inclusão das mulheres em diferentes setores do negócio. É a Alterdata Software, que possui um programa muito interessante para elas.
Com uma carteira de 50 mil clientes e mais de 100 unidades de negócios espalhados pelo Brasil, a Alterdata é a quinta maior empresa de software no país. Para crescer em todos os aspectos – desde desenvolvedores até setores críticos da empresa –, promoveu um programa baseado na participação maior das mulheres. E os resultados têm sido para lá de satisfatórios. Segundo o CEO da corporação, Ladsmar Carvalho, a área de computação e matemática culturalmente foi dominada pelos homens há meio século. Porém, essa história começa a mudar.
Ladsmar explicou que seu negócio passou a colocar as mulheres em pontos-chave da empresa e os resultados estão para lá de satisfatórios. “As mulheres têm uma pegada mais multitarefas e para uma empresa de tecnologia é fundamental. Elas são normalmente mais concentradas. Incentivamos cada vez mais o ingresso delas”, explicou o CEO, que criou programas de valorização da pessoa e incentivos que vão desde o ingresso na carreira até maternidade – entre as várias ações, envia fraldas para a mãe funcionária.
Os números apresentados pela Alterdata são animadores. Hoje, a empresa, que conta com 1.800 funcionários, tem em seu quadro 40% dos cargos ocupados por mulheres, sendo que entre os gestores elas já são 55%. Na parte comercial, esse número sobe para os impressionantes 80%. “Hoje elas são prestadoras de serviço, colaboradoras e gestoras. Estão em toda parte aqui da empresa”, concluiu Ladsmar.
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