Mundo precisa de reformas pelo lado da oferta que gerem produtividade, diz Campos Neto
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, repetiu que o mundo precisa de reformas econômicas de oferta que impulsionem a produtividade. Ela está em queda na maioria dos países e, segundo ele, é uma chave para superar três problemas: envelhecimento da população, pagamento dos custos da pandemia e alto endividamento global.
“A gente tem produtividade em queda em grande parte do mundo, na América Latina a gente vê que ela está bem abaixo da linha de tendência, e isso é um problema que nos faz pensar que hoje o mundo precisa de reformas do lado da oferta que gerem produtividade”, afirmou, em um evento organizado pelo Lide em Londres.
O banqueiro central voltou a dizer que o mundo está altamente endividado. A discussão sobre a política fiscal se tornou importante globalmente e foi discutida em todos quase todos os painéis das reuniões anuais do Fundo Monetário Internacional (FMI), ele relatou. Campos Neto lembrou que países pobres têm tido dificuldade de acessar recursos devido à grande dívida e aos juros altos, que sugam liquidez para economias mais desenvolvidas.
Inflação de serviços
Campos Neto também disse que reduzir a inflação de serviços é essencial para que a inflação global possa cair em direção às metas. Esse grupo de preços continua em nível elevado, o que impede que a baixa inflação de bens dê conta de garantir o cumprimento dos alvos.
“Não tem como a inflação de bens ficar baixa o suficiente para fazer com que o processo siga de convergência sem ter uma melhor inflação de serviços”, disse Campos Neto, no evento.
O banqueiro central repetiu que as três dimensões discutidas por republicanos e democratas na eleição presidencial americana são inflacionárias. Esses pilares são uma política fiscal mais expansionista, protecionismo comercial e redução da imigração, especialmente em meio ao mercado de trabalho apertado no país, que está com a economia forte.
Campos Neto também repetiu que os custos da transição verde são um ponto de atenção à frente, especialmente em meio à perspectiva de aumento da demanda por energia sustentável devido à disseminação do uso de inteligência artificial. “Foi um dos pontos discutidos na reunião do FMI”, relatou.
A fragmentação geral do comércio global, em meio ao crescente risco geopolítico, é outro ponto de atenção, segundo o presidente do BC. Ele voltou a dizer que as restrições a produtos da China – que adotou um modelo de exportações voltadas a bens ligados à eletrificação – têm crescido e podem ter impacto tanto no crescimento chinês, como no americano, se os Estados Unidos decidirem impor tarifas.