Música serve de instrumento para o desenvolvimento de crianças autistas
O ditado popular já afirmava: quem canta seus males espanta. Os inúmeros benefícios da música para a saúde humana, já são comprovados cientificamente. Um estudo da Universidade de Montreal e da Escola de Ciências da Comunicação e Distúrbios da Universidade McGill no Canadá, confirmou que crianças autistas tiveram significativa melhoria nas habilidades e na qualidade de vida, após três meses de sessões semanais envolvendo terapias e métodos de educação que envolvem o uso da música.
Em Petrópolis, a educadora musical Jandira Diniz percebeu na prática o poder que esta forma de arte tem, após desenvolver um trabalho com crianças autistas. A profissional, doa parte do seu tempo em aulas semanais, gratuitas, que trazem para os pequenos melhorias constantes, que dão novo sentido à vida e aumentam a felicidade dos pais. “Desenvolvo esse trabalho há quase dois anos. Tive muito apoio dos pais quando comecei, devo muito o que sei hoje a eles. A gente vê muita evolução na vida dessas crianças. Eu sinto muita diferença no que eles vão desenvolvendo. Vamos vendo alguns que sequer falavam direito começando a cantar, se concentrando nisso e a resposta vem sendo muito legal. A música, com certeza, ajuda nisso. Não tenho dúvidas”, afirma.
Quando começou as atividades, Jandira conseguiu um espaço emprestado no Centro Histórico, mas por ministrar as aulas durante a noite, muitos pais não conseguiam levar os filhos. Do projeto, restaram quatro alunos que a profissional se desdobra pra atender em meio a sua rotina de vida pessoal, alugando espaços ou abrindo as portas de sua própria casa. A fila de espera de famílias em busca de vagas para crianças, também está grande.
Quem vive de perto as mudanças constantes, só sabe agradecer pela evolução alcançada. Consuelo Rosa, diz que em pouco tempo percebeu tudo mudar na vida do filho. “Eu não esperava ver meu filho evoluir tão rápido em concentração, atenção e disciplina. Eu não tenho palavras para agradecer por todo desenvolvimento dele, seus primeiros passos para começar a falar vieram por meio do trabalho de amor e de muita dedicação da professora Jandira. A palavra que resume tudo isso é gratidão”, explica.
“Aos poucos, percebo que meu filho entende que para ter um som ‘bonito’, precisa trabalhar com o instrumento de forma calma e esperar a sua vez de cantar. Mesmo tendo estímulos em casa ou na escola, a criança precisa de orientação profissional para que desenvolva sensibilidade auditiva, motora, emocional… Nós dois vamos animados para a aula e voltamos cantarolando”, diz a mãe de aluno Aline Sampaio.
O objetivo agora é fazer com que a iniciativa seja ampliada. Jandira tem como sonho, abrir uma associação para que o trabalho se amplie e alcance mais crianças. “Tenho essa grande vontade. Reunir profissionais de musicoterapia, psicopedagogia, psicologia, fonoaudiologia, para termos um acompanhamento ainda melhor com eles. Isso seria maravilhoso. É de utilidade pública e eu queria muito que essa iniciativa crescesse ainda mais”, conta Jandira.