‘Não Nos Calaremos’ fala sobre diferentes formas de abuso e é inspirada em histórias reais

04/jun 15:32
Por Redação C2 / Estadão

A nova série espanhola da Netflix Não Nos Calaremos, lançada na última sexta-feira, 31, lidera a lista das mais assistidas no Brasil, em sua primeira temporada, dividida em oito episódios. O seriado espanhol narra a conturbada decisão da personagem Alma (Nicole Wallace), uma jovem de 17 anos, que denuncia a violência sexual sofrida por sua amiga Grerta (Clara Galle) de um professor do colégio onde estudam, através de publicações em um perfil anônimo. Até o momento em que decide colocar um cartaz em frente à instituição com a frase “Cuidado, aqui se esconde um agressor” (em livre tradução).

A escolha por denunciar o que aconteceu com Greta afeta sua vida na escola, a relação com os pais e amigos. Alma também é vítima de diferentes violências, reveladas através da relação com a família, no abuso de substâncias ilícitas e também seu histórico com a agressão sexual.

Alma Inicialmente se apresenta como uma jovem rebelde, mas o enredo se encarrega de justificar suas atitudes, com a profundidade da complexidade humana, além de mostrar o amadurecimento da personagem em diferentes aspectos, incluindo em suas relações familiares e de amizade.

A complexidade dos personagem não se limita na protagonista, também se estende a personagens secundários, quando um dos seus abusadores -também seu amigo – se arrepende genuinamente do que fez, buscando ajuda profissional. A evolução também é vista nos pais da jovem, que conseguem enxergar seus erros e assumi-los, melhorando a relação da família.

A série foi elogiada pela construção de boas narrativas dos personagens, pela sintonia das amigas interpretadas por Nicole e Clara, e boa atuação do elenco, ficando longe dos clichês das séries adolescentes. Não é à toa que está disputando o número um da lista da Netflix com a queridinha da plataforma, a série Bridgerton.

Inspirada em histórias reais

O nome do perfil usado por Alma para fazer as denúncias, o @Iam_colemanmiller, faz referência às histórias de Daisy Coleman e Chanel Miller.

Daisy foi abusada em uma festa, por um rapaz de 17 anos chamado Matthew Barnett, e foi deixada inconsciente na porta de casa. Ao revelar o caso, Daisy passou a ser alvo de mentiras, perseguição nas redes sociais e ameaças, e as denúncias contra Matthew foram retiradas.

Enquanto Chanel Miller foi abusada sexualmente aos 22 anos por um homem chamado Brock Turner, em 2015. Deixada inconsciente próxima a uma lixeira e sem algumas peças de roupa, ainda assim, Turner foi condenado a apenas seis meses de prisão.

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