Nasce uma estrela – III

27/05/2020 00:01

Tempos de muito trabalho para o conquistar de dois objetivos pelo grupo cênico TEP – Teatro Experimental Petropolitano, a partir do ano de 1956, quando foi idealizado e organizado: 1º) difundir a arte cênica; e 2º) conquistar um teatro – casa de espetáculos cênicos – ideal de toda a comunidade teatral.

O primeiro objetivo estava no sangue e no ideal de cada inscrito no grupo; o segundo era complexo, diante de um passado vocacionado ao teatro mas que encontrava óbices incontornáveis quando em projeto uma casa de espetáculos. Petrópolis transformara-se de povoação em cidade sob uma característica fundamental, a sazonalidade, vivendo a população fixa os períodos de luz – o verão – e os de treva – o inverno, quando tudo se adiava para as estações amenas em cada ano.

Destarte, foram edificados alguns prédios destinados às reuniões artísticas, mas que dividiam dependências com atividades outras, estando os espaços maiores ocupados pelas dezenas de hotéis, que funcionavam nas temporadas de verão. E eram os hotéis que ofereciam espaços ao entretenimento dos hóspedes e alguns com abertura para os interessados.

Assim funcionou durante o 2º Reinado, sob entusiasmo de diletantes, embora sujeitos aos interesses econômicos dos empresários, em apoio aos desejos dos hóspedes sazonais.

No final do século XIX, surgiu o cinema, uma novidade que logo despertou a atenção dos empresários da hospedagem, que lançaram os primeiros espaços para a difusão da nascente “7ª Arte”.

Nas duas primeiras décadas do século XX, edificaram-se espaços sob o título genérico de teatros, porém destinados às exibições das projeções luminosas que emocionavam a todos. A atividade cênica continuou mambembe, nunca desistindo.

Foi o tempo da edificação dos teatros “Capitólio”, “Xavier (depois Petrópolis)” e um espaço completo para o teatro que João D´Ângelo presenteou à cidade, o “Teatro D. Pedro”, com palco, camarins e tudo o mais para a atividade. Mas na sua inauguração, que exibiu espetáculo de teatro, também foram projetados em grande tela filmes de cinema. O teatro ficou no nome: a casa expandiu-se como cinema. E vieram outros cinemas, adaptados em prédios inadequados à atividade: principalmente o “Glória” e o “Santa Cecilia”, este de propriedade da Escola de Música Santa Cecília. Anteriormente existiram o “Bragança”, o “Cassino Fluminense”, o “Progresso”, o “Floresta”, em espaços pequenos e alguns sob adaptações. Na área da Comunidade Franciscana surgiu o “Teatro Mariano”, até ´hoje instalado e com o espetáculo anual de Semana Santa.

A grande esperança foi a edificação do novo edifício da Escola de Música Santa Cecília com um teatro anexo, inaugurado em 1955 e poucos anos adiante, arrendado para cinema, o “Art-Palácio”, que vinha se juntar ao “Cine Esperanto”, criado em grande espaço de um galpão.

Chegamos à fundação do TEP, que objetivava fazer teatro e conseguir uma casa de espetáculos digna para a atividade na cidade, já que os dois legítimos espaços teatrais (D. Pedro e Santa Cecilia) funcionavam como cinemas. Foi lançada a campanha “Petrópolis precisa de um teatro!”, a partir do ano de 1958, quando o grupo destinou toda a sua arrecadação para um fundo do projeto, além de cobrar do Poder Público um “Teatro Municipal”. O fundo não se concretizou pela dificuldade presente da montagem das peças que nem sempre se pagavam e a pouca renda dos espetáculos era diluída na manutenção do grupo. Restou a esperança do “Teatro Municipal”.

Não sabiam todos que as casas exibidoras de cinema iriam sofrer com o advento de novas tecnologias e acabariam por cerrarem suas portas, o que permitiu a desapropriação do “D. Pedro” para ser o tão esperado “Teatro Municipal” no Centro Histórico.

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