No dia dos professores, profissionais narram desafios vividos dentro e fora de sala
“A educação é um ato de amor, por isso, um ato de coragem(…)”, confirmado nas palavras do educador Paulo Freire, educar nos dias de hoje, é um ato de resistência. Como qualquer profissão há suas mazelas e alegrias, e hoje, no Dia do Professor, os profissionais contam os principais desafios que enfrentam dentro e fora das salas de aula.
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A falta de investimento na educação é o primeiro desafio. As estruturas precárias, o corte de bolsas reflete no trabalho de quem está todos os dias na sala de aula. “O primeiro desafio é no investimento na qualidade do ensino. O setor público principalmente tem que ter prioridade. Estados e municípios tiram dinheiro da educação, os cortes de bolsas e vagas, vai refletir em demissão de professores. E isso é preocupante”, disse o professor Daniel Iliescu.
O corte nas verbas para as universidades não é a única preocupação. O nível de ensino básico sofre com o pouco investimento na capacitação dos profissionais. A professora Carla Viviane Mayworn participou recentemente do Programa de Desenvolvimento Profissional de Professores da Língua Inglesa nos EUA – PDPI, financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), o edital lançado no início deste ano, para a surpresa da docente resistiu aos cortes e garantiu a capacitação de 77 profissionais do estado do Rio de Janeiro, na cidade de Atlanta, nos Estados Unidos.
“Precisamos de mais investimento. A rotina dos docentes é muito cansativa, precisa ter um momento para ver outras perspectivas de trabalho. Neste curso de aprimoramento percebi que alguns desafios, não são apenas a nível Brasil”, disse Carla. Ao todo, foram ofertadas 486 bolsas para professores da rede pública de todo o Brasil, mas em alguns estados as vagas não foram preenchidas e foram remanejadas para estados que tinham demanda. Os docentes acreditam que ainda falta dar publicidade e incentivo para a educação continuada dos profissionais da educação.
Outro ponto, segundo Carla é a desvalorização do ensino que parte tanto do governo e quanto dos alunos. “Principalmente por parte dos alunos. Num âmbito geral o maior desafio é o preconceito com ensino público. Temos muitos problemas no ensino público, mas os profissionais são muito competentes. Essa cultura de que o ensino público não é de qualidade tem que acabar”, disse.
“A integração da família, comunidade e escola é muito importante. Como professor peço muito para que as famílias prestem tenção e participem da educação. Vivemos um momento dramático de pouco interesse e entendimento da razão do estudante estar na escola. Além do investimento público, a autonomia e autorização dos docentes, a participação e estímulo da família são os principais desafios da educação”, disse Daniel.
Para Daniel, a democracia precisa ser defendida nas salas de aula. “Estamos vivendo um momento delicado em que a escola está sendo colocada como responsável por uma série de problemas. A ampla maioria concorda que não é plausível e democrático que as escolas sejam perseguidas. Para um professor que precisa planejar suas aulas, e tem que lidar com certos conteúdos, como livros e filmes, sendo alvo de qualquer tipo de censura ou restrição, prejudica seu trabalho. Temos que defender a autonomia pedagógica”, disse.
Aula pública do Dia do Professor
Hoje (15), às 15h, no Calçadão do Colégio D. Pedro II, terá um aulão público. Os professores Daniel Iliescu e Lívia Miranda vão falar sobre os temas Militarização das escolas e desinvestimento na educação. A aula é promovida pelo Coletivo Educação é Resistência.