Novo tempo para o Quitandinha
Quando o SESC-RJ adquiriu o Palácio Quitandinha, ocorreu euforia de muitos e olhares enviesados de cautela de outros. O que faria o SESC-RJ com o imenso e precioso monumento histórico? Ao espaço magnifico e belo daria movimentação cultural adequada? Restauraria o prédio e jardins de forma consciente e sob acompanhamento dos órgãos de proteção ao patrimônio histórico e artístico nacional? E pelo mesmo organismo estadual? O município seria honrado com acompanhamento dos projetos da entidade?
Muitas indagações, sob respostas favoráveis, diante das etapas de restaurações e adequações necessárias aos objetivos da entidade agora proprietária. Restaurações em várias áreas mostram competência e critério, observando-se que a reforma do interior fez ressurgir a magnitude da idealização do empresário Joaquim Rolla, do lúdico projeto de Luiz Fossati, da construção pelo competente Baeta Neves e a decoração sob os modelos da fabulosa decoradora Dorothy Drapper. Caminho reto e certo nessa retomada pelo Município – via SESC-RJ – de um dos mais empáticos e significativos monumentos contemporâneos da criatividade brasileira.
E tudo veio correndo de acordo com as expectativas, sob adequados projetos artísticos culturais de expressão, como de ousadia, beleza, oportunidade, alavancando a atividade do setor turístico do Município. Meritória tem sido a abertura à participação da comunidade artístico-cultural petropolitana, que vem comparecendo com projetos em todas as realizações do SESC-RJ-Quitandinha.
Lembro que, enquanto a reforma do palácio caminhava e eram iniciadas as atividades, sonhava eu com um projeto com a cara e a vocação do Quitandinha e de Petrópolis; realização faustosa; expressiva; de feitio internacional; dignamente adequada por tradição à cidade e ao Quitandinha, ambos cenários da epopeia pioneira do cinema: a cidade pela exibição das primeiras fitas produzidas no Brasil, seguida de vários cineastas surgidos no município e as locações de nossa urbe e edificações para cenarização de produções cinematográficas nacionais e internacionais, inclusive o Quitandinha.
Pois, muito bem, redigi um projeto sugerindo ao SESC-RJ a realização de FESTIVAL DE CINEMA, de periodicidade anual, que poderia ser de cinema latino-americano, ou somente de cinema brasileiro, nos moldes de alguns eventos similares que ocorrem em todo o planeta, com exibições de filmes inscritos e selecionados, da produção de cada ano, com prêmios a serem determinados e um prêmio-marco, representado por aquele sugestivo e lindo ornato externo do Palácio Quitandinha: o FAROL, que seria o nome do troféu. Levei o projeto pessoalmente à administração do SESC-RJ, na rua Marques de São Vicente, no Rio de Janeiro, conversamos, brilhamos os olhos, porém alguma gaveta recebeu e sepultou a tímida ideia.
Vale a pena retornar a ela, porque está selado e sacramentado que as atividades do turismo e da cultura representam o futuro do Município e que o aproveitamento de nossa riqueza predial, idealista, humana e histórica, confere perfeito arcabouço para conferir ao SESC-RJ.Quitandinha o privilégio de integrar a verdadeira cara de uma Petrópolis que é referência, em nosso planeta, de encantador lugar para viver.
No final da pandemia e nova política municipal – vide eleições – que pensem o povo e os políticos – em novos tempos de novo turismo e meritória cultura. E, participando e a tudo honrando, o nosso querido e lindo Palácio Quitandinha.