Novos Tempos
Na infância ouvia falar das guerras que antecederam ao meu nascimento, sendo que a 2ª ocorreu entre os anos 39 e 1945 e eu vim à luz em 1949. Vez por outra me diziam que uma terceira estaria por vir… Seria entre nações na disputa por riquezas? O país que a venceria seria o que possuísse armas bélicas ou o que investisse em recursos nucleares? Para a perplexidade geral não seria, mas, o que aplicasse na ciência, saúde, educação e infraestrutura hospitalar. O embate chegou, surpresa geral. O inimigo da contenda em que vivemos não é aquele que mata com um tiro, ele é invisível. Corpos inertes sucumbem por falta de respiradores, macas, leitos, UTI, hospitais e higiene. O petróleo antes era o ouro negro cobiçado aqui e alhures. Deu lugar ao gel que só desinfeta. Esse hoje é o metal precioso mais que o euro. As palavras e ordem são luvas, máscaras, álcool e similares. Os shoppings fechados, os restaurantes antes disputados suplicam um cliente ainda que por delivey… São incontáveis as lojas inertes e os contratos rescindidos, inadimplência e falências… Para quê comprar um vestido de grife, o tênis da moda ou o terno “Armani” se esses não podem ser vistos por aqueles que têm a necessidade de exibi-los? O carro do ano nunca esteve durante tanto tempo na garagem. A avenida se transformou num deserto. O turismo clama um visitante e a determinação é
“fique em casa” principalmente o grupo de risco. As máscaras que aqui se usava nos folguedos de momo num passe de mágica passaram a constituir parte do vestuário. No oriente é comum se avistar pessoas no exercício desse costume porque tem cuidado com a preservação da saúde do semelhante. Aqui, quando víamos alguém a usá-las, estranhávamos. Há poeira e teias de aranha nas portas comerciais. Há incerteza, tristeza e medo. A Praça Vaticana vazia, mas, a pessoa do SS. Papa Francisco nos anima pelos meios eletrônicos, as catedrais repicam os sinos lembrando que vivemos outros tempos. Mais que nunca a igreja é o lar através dos meios de comunicação. Lave as mãos! Ouço mais uma vez. Sim, estamos na clausura. Diz o brocardo que “é melhor ser paciente em casa do que ser um paciente num leito de hospital.” O mundo fez uma pausa, as pequenas tarefas culinárias foram valorizadas, mesmo o lavar e o cozinhar. As viagens e as celebrações adiadas. O abraço, o aperto de mãos, o olhar e o sorriso nunca tão almejados e desejados! A televisão mordaz escancara a tragédia. O mundo parou e a humanidade foi conclamada a refletir. O homem investe no ônibus espacial, mas, até agora não descobriu o remédio capaz de aplacar a dor geral. Os mitos não estão em Wollywood, na Festa do Oscar, Broadway, Palais Garnier, Canard Hall ou no Le Lido de Paris, mas, nos hospitais e com as mínimas condições de trabalho. Um vírus ameaça a vida das famílias. As aulas são virtuais e nunca se reconheceu tanto o professor. Um corpo escultural é bonito, mas, a vida possui valor inestimável. Enfrentemos a refrega do sofá e feliz daquele que pode abrir a geladeira e encontrar suco, sopa, carne ou acarajé. Benditos sejam a água e o sabão como pontificou a Santa Madre Teresa de Caucutá. A quarentena há de fazer renascer em nós criaturas melhores. Renovemos, pois, a fé e a esperança. Haveremos de retornar às atividades profissionais e comunitárias, à igreja, a caminhada por nossas ruas, ao vinho ou chopinho junto ao variado cardápio dos restaurantes da cidade. Valham-nos Deus Pai e Mãe Maria Santíssima!