Número de mortes em Petrópolis pode superar 300
O número de mortes – atualizado para 137 na manhã deste sábado – pode ultrapassar 300 pessoas que perderam a vida com as chuvas de terça-feira. No Instituto Médico Legal (IML) há 86 corpos identificados e 47 ainda sem identificação.
Na outra ponta foram registrados 218 desaparecimentos, de acordo com números da Polícia Civil. Mesmo que as 47 pessoas ainda sem identificação estejam entre os desaparecidos, ainda resta localizar o paradeiro de 171 pessoas. O que dá uma triste conta de 347 pessoas mortas e/ou desaparecidas. As chances de encontrar sobreviventes, no entanto, se reduzem a cada dia. Já são mais de 72 horas desde os episódios de desabamentos e inundações registrados em vários pontos da cidade.
O IML informou que 86 corpos foram identificados e outros 59 liberados. Desse total, há 82 mulheres e 45 homens, sendo 22 menores de idade. O número de desaparecidos, relatados pelas famílias à Delegacia de Descoberta de Paradeiros – DDPA, que mandou quase todo seu efetivo para Petrópolis, saltou de 116 para 218 nas últimas horas.
Um militar aposentado do Corpo de Bombeiros que atuou em desastres de chuvas anteriores na cidade, crê que o número de mortes seja muito superior aos corpos já localizados. “O que a gente ouve e foi assim em experiências anteriores, como o Vale do Cuiabá, é que havia casas onde moravam cinco, dez pessoas. O que é muito comum nessas comunidades de Petrópolis, densamente povoadas, especialmente, no primeiro distrito. Os filhos casam e vão construindo no terreno, por baixo ou por cima da casa dos parentes. E há ainda muito escombro, muita casa que não foi alcançada ainda nas buscas”, afirma o militar que pediu para não ser identificado na reportagem.
Um solo instável, com risco de movimentação de terra, chuva sem trégua e previsão de mais temporais até domingo são fatores que complicam a operação segundo o bombeiro militar aposentado com experiência em resgate. “Dificultam as buscas e reduzem a chance de localização de sobreviventes”, completa.
Quatro equipes da DDPA estão fazendo uma varredura em hospitais, abrigos e escolas para identificar as pessoas desaparecidas. “As pessoas que perderam entes queridos não têm condição de ir a uma delegacia fazer registro de desaparecimento. Então, montamos esse mutirão, indo nos locais, para pegar nomes, dados, roupas que essas pessoas estavam usando na hora, tudo para facilitar essas identificações”, explicou ontem a delegada Ellen Souto.
Ontem, a Tribuna de Petrópolis noticiou que Raquel de Lima Novaes Rocha, de 47 anos, estava desaparecida. Buscas feitas durante a noite no trecho da Caixa Econômica Federal – CEF, na Rua Teresa, resultaram na localização dela. Infelizmente, sem vida. O nome de Raquel, já não consta mais na lista de desaparecidos divulgada pela Polícia Civil. Segue desaparecido, no entanto, o jovem de 17 anos Gabriel Vila Real da Rocha, também citado na reportagem anterior.
Há uma força tarefa de mais de 2.500 pessoas (segundo dados da Prefeitura) trabalhando dia e noite na busca por sobreviventes. Até agora, 24 pessoas foram resgatadas com vida.