O afeto que se encerra

29/05/2017 13:00

Isolado e abandonado por seus avalistas, o usurpador Temer vê naufragar escandalosamente seus intentos golpistas e de seu grupo, ao mesmo tempo que joga o país na mais profunda crise política de sua história recente; e não por acaso, contemplado precisamente por aquilo que acusava em seus antecessores.

Procurando ganhar tempo, os agentes do capital reverberam a cantilena do prejuízo às reformas impopulares enquanto se costura pelo alto um novo pacto entre as frações burguesas. A saída para a crise apresentada por estes setores obedece ao mesmo receituário do ilegítimo Temer e sua camarilha: a retirada de direitos e o aprofundamento do ajuste neoliberal.

Isso mostra que não há outro caminho para os trabalhadores que não ocupar as ruas e construir sua própria saída para a crise. O novo ciclo que se abre com as mobilizações classistas e de massas contra o retrocesso impõe ao conjunto da classe a tarefa de forjar a unidade neste momento crucial. A luta contra as medidas antipopulares preconizadas pela burguesia representa um imperativo categórico para as forças populares no sentido da construção de um projeto alternativo para o país, que anule o ajuste fiscal, as reformas da previdência e trabalhista, a reforma do ensino médio, as privatizações e todos os atos deste governo ilegítimo.

Ancorados na crise sistêmica do capitalismo, os lacaios do capital buscam promover, através da manipulação, corrupção e acordos de cúpula, uma saída política para acelerar as reformas regressivas contra os trabalhadores e o Brasil. Tal movimento passa por um parlamento corrupto e degenerado, que não exita em se utilizar de mecanismos antidemocráticos e excludentes para fazer valer a manutenção de seus privilégios de classe. Daí não se poder esperar nada de positivo deste Congresso.

A institucionalidade burguesa atingiu seu limite, “já deu o que tinha que dar”, e não há solução e saída definitivos para a crise no que diz respeito aos interesses dos trabalhadores através das eleições burguesas, sejam elas diretas ou indiretas. Cabe aos trabalhadores investir na sua própria organização e capacidade de resistência, mobilizando suas forças para derrotar as políticas neoliberais, articulando em todo o país comitês populares contra as reformas, articular uma nova greve geral mais ampla e massiva que a anterior e construir um projeto socialista para o Brasil.

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