O Caminho da Resiliência

20/nov 08:00
Por Gil Kempers

A importância do G20 e da COP29 para gestão de risco de desastres

Nos últimos dias, os noticiários foram tomados pelo tema do G20, que está ocorrendo no Rio de Janeiro, e da COP29, em Baku, no Azerbaijão. Mas qual a importância destes dois eventos para a efetiva redução de risco de desastres no Brasil e no mundo?

É importante, porém, entender cada um dos eventos. O G20 é o principal fórum de cooperação econômica internacional. Tem, assim, um papel importante na definição e no esforço da governança mundial para as grandes questões econômicas. O G20 é composto por 19 países (África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia e Turquia) e dois blocos regionais: a União Africana e a União Europeia. Os membros do G20 representam cerca de 85% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, mais de 75% do comércio mundial e cerca de dois terços da população mundial.

Já a COP29 ocorre em Baku, capital do Azerbaijão, entre os dias 11 e 22 de novembro. É interessante notar que a escolha de Baku, um importante centro da indústria petrolífera, para sediar a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas pode parecer contraditória. O Azerbaijão é frequentemente considerado “o berço da indústria moderna de combustíveis fósseis”. Com uma significativa exportação de petróleo e gás natural, o país tem uma influência marcante no mercado global de energia, o que levanta questões sobre o comprometimento com as causas climáticas e a preservação do meio ambiente.

Neste contexto mundial, onde ainda pairam as ameaças de guerra e disputas territoriais, os dois eventos permeiam o cenário da geopolítica internacional, ainda com muitas questões a serem resolvidas. Esses eventos devem debruçar-se sobre temas internacionais. Porém, neste cenário, é impossível não tratar das mudanças climáticas e do agravamento dos desastres no mundo. Podemos destacar o recente desastre na Espanha, oriundo de um evento hidrológico relacionado a chuvas intensas. No Brasil, este ano, o estado do Rio Grande do Sul destacou-se por um evento de grande impacto, demonstrando que essa é uma emergência mundial.

Não é mais possível esconder essa nova realidade dos desastres, um dos efeitos mais diretos das mudanças climáticas. Os eventos têm ocorrido com cada vez mais intensidade, ou seja, com maior magnitude, como podemos perceber pela evolução das chuvas intensas no país. Em 2022, Petrópolis registrou 530 mm de chuva em 24 horas. No ano seguinte, em 2023, em São Sebastião e Bertioga, em São Paulo, registrou-se 680 mm de chuva em 24 horas. No mesmo ano, Angra dos Reis atingiu 807 mm de chuva em 48 horas. Ou seja, é notória a gradação da chuva e o aumento de sua intensidade. É possível também verificar que os tempos de recorrência entre esses eventos vêm reduzindo, ou seja, podemos concluir que as ameaças estão se intensificando. Porém, as vulnerabilidades locais, que podem efetivamente ser reduzidas, não estão sendo trabalhadas preventivamente.

Portanto, os dois eventos mundiais, por mais que tenham outros assuntos de extrema importância, não podem se furtar a discutir esse tema tão relevante para toda a humanidade. As mudanças climáticas e a intensificação dos desastres são temas que devem ser pautas irrevogáveis, assim como a redução da fome no mundo, uma iniciativa extremamente acertada pelo governo brasileiro no G20.

Assim como nas grandes cúpulas, o assunto deveria ser discutido por toda a sociedade, incluído nas escolas e outros círculos, passando pelo legislativo e executivo, de forma a garantir um amplo debate e a busca por soluções tangíveis para algo tão grave e proeminente. Estamos falando de desastres que, infelizmente, causaram bilhões em danos e prejuízos e centenas de mortes no nosso país.

Mas há esperança! As tratativas, tanto do G20 no Rio de Janeiro quanto da COP29 em Baku, já indicam que o assunto está na mira das autoridades mundiais e precisa ser mantido como uma prioridade na luta pela sobrevivência de um planeta já tão castigado por inúmeros impactos ambientais. Sem dúvida, é um excelente caminho para buscar alternativas e soluções para os impactos causados por desastres, intensificados pelas mudanças climáticas. Este tema é tão importante quanto outros assuntos, como disputas territoriais, economia mundial e outros grandes temas.

Informar-se sobre as mudanças climáticas e a intensificação dos desastres é crucial para que possamos enfrentar esses desafios de forma coletiva e eficaz. Ao buscar informações e entender melhor os impactos ambientais que afetam nossas vidas, cada um de nós pode contribuir para a conscientização e a implementação de soluções sustentáveis. Participar de discussões, acompanhar notícias e engajar-se em ações comunitárias são passos fundamentais para construir uma sociedade mais resiliente e preparada para o futuro. Portanto, incentive amigos e familiares a se informarem e a se envolverem nesse importante debate. Juntos, podemos fazer a diferença!

Seguimos firmes!

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