O caminho dos fitoterápicos

21/01/2019 11:10

Esgotado o assunto política, sob todos os seus aspectos, teceremos alguns comentários, neste artigo, sobre a importância da natureza, especificamente das plantas, na saúde humana. Medicamentos feitos a partir de folhas, sementes, cascas, frutos e flores são sucesso de crítica e público há milênios e constituem parte importante da cultura de diversos povos. 

Quando pensamos no Brasil, a coisa toma uma proporção grandiosa: nosso país possui a maior flora do planeta, com mais de 43 mil espécies descritas. Dessas, entorno de 10 mil têm algum potencial terapêutico. Apesar de tanta riqueza, políticas de incentivo a essa classe costumavam ser escassas por aqui. Mas as coisas começaram a mudar nos últimos dez anos, quando o Ministério da Saúde criou o Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos e introduziu 12 fármacos do gênero no Sistema Único de Saúde (SUS). 

Para dar continuidade ao trabalho, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) lançou o Memento Fitoterápico, obra que reúne informações científicas de 28 plantas medicinais. A idéia é que o material, disponível no site da Anvisa, também quebre preconceitos que pairam sobre os fitoterápicos. Abaixo, mapeamos 8 espécies que integram o documento e que, na minha opinião, devem ser consideradas as rainhas da fitoterapia. 

Se bem indicadas, elas podem prestar serviço em diversos contextos que assolam o corpo e a mente – de queimadura a ansiedade e colesterol alto. Gengibre (Zingiber officinale)/Muito comum na culinária por seu gosto picante, o gengibre é prescrito por médicos da Índia e da China desde a Antiguidade.– Alivia enjoo, náusea e vômitos, dificuldade de digestão e sensação de mal-estar ao viajar de navio, carro ou avião. Alho (Allium sativum)/O bulbo que surge a partir da raiz é base de um dos fármacos com propriedades mais variadas.– Ajuda a combater bronquite, asma, sintomas de gripe e resfriado, colesterol alto, hipertensão e aterosclerose (lesões nas paredes dos vasos sanguíneos). Guaraná (Paullinia cupana)/Fruto tipicamente brasileiro, é encarado como medicamento e tônico revigorante pelas tribos indígenas amazônicas há séculos.– Atua contra fraqueza e cansaço crônico e estimula o cérebro. Unha-de-gato (Uncaria tomentosa) [Disponível no SUS]/Os incas, antigo povo que habitava o Peru, já se valiam do extrato do vegetal para melhorar o aspecto de ferimentos e amenizar descompassos intestinais. Substâncias como a mitrafilina e a pteropodina respondem por suas capacidades terapêuticas.– Anti-inflamatório. Babosa (Aloe vera) [Disponível no SUS]/Existem mais de 200 espécies desta leguminosa originária da África, mas apenas quatro são seguras para consumo humano.-  Cicatrizante de ferimentos na pele e em queimaduras de primeiro ou segundo grau. Alcachofra (Cynara scolymus) [Disponível no SUS]/Seu nome vem do árabe e significa, literalmente, “planta espinhuda”.– Ajuda na digestão e evita gases. Coadjuvante na prevenção da aterosclerose (placas de gordura nos vasos), no controle de colesterol alto e no tratamento da síndrome do intestino irritável. Ginkgo (Ginkgo biloba)/A árvore nasce no Japão e na China, alcança até 40 metros de altura e vive mais de 4 mil anos.– Cãibra, vertigem e zumbidos decorrentes de problemas na circulação sanguínea. Maiores informações e as contra-indicações podem ser consultadas no documento da Anvisa. Além destas, incluo, também, o guaco (Mikania glomerata)/ Salvo suas contra-indicações, ela é conhecida como a erva do pulmão, possui ação anti-inflamatória e cicatrizante. Em 21.09.2014 foi publicada na Tribuna uma matéria de minha autoria denominada “Ervas medicinais trazem benefícios para a saúde e até para a estética”.

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