O Chanceler Nilo Peçanha na 1ª guerra mundial – Parte III
O tempo cumprido por Nilo Peçanha no Ministério das Relações Exteriores, governo Wenceslau Braz, nos difíceis dias da 1ª Guerra Mundial, revelaram a faceta nova do político fluminense: o seu conhecimento profundo de Direito Internacional e o pacifismo inato à sua cativante personalidade. Aliado a tais predicados, Nilo apresentou-se ao mundo diplomático e literário como um inspirado escritor trocando correspondência com vários chanceleres e adidos culturais da Europa e Américas.
Um de seus primeiros documentos, tão logo assumiu o Ministério, prendeu-se à revogação da neutralidade no tocante aos Estados Unidos, justificando-a, da seguinte forma:
“[…] A República reconheceu que um dos beligerantes é arte integrante do continente americano e que a esse beligerante estamos ligados por tradicional amizade e pelo pensamento político de defesa dos interesses vitais da América e dos princípios aceitos pelo Direito Internacional.
Extraordinária foi a comunhão de dois iluminados políticos: Nilo e o senador Rui Barbosa, quando assinaram um documento dirigido aos governadores e presidentes dos Estados, a partir do dia 21 de agosto de 1917, a eles solicitando atender, na medida das possibilidades, ao apelo do Rei da Bélgica, no sentido de enviar alimentos àquela nação amiga, vilipendiada pela dominação germânica:
“[…] para que tomemos parte no movimento desenvolvido entre os principais países civilizados, sobressaindo, dentre eles, os Estados Unidos da América, em socorro da Bélgica, ameaçada literalmente, de aniquilamento pela fome […]”
No aludido documento, ambos traduzem os anseios do povo belga, quando afirmam:
“[…] O nosso governo recebeu, felizmente, com a simpatia mais intensa, o brado trágico de Sua Majestade, o rei dos belgas, em favor do seu povo […]”
Assim, o Brasil, além de atender ao apelo para remessa de alimentos, destacou uma missão médica, composta de renomados cientistas brasileiros, todos atuando na Bélgica. O trabalho humanitário foi de tal magnitude, que o próprio rei da Bélgica visitou o Brasil, oficialmente, para agradecer o apoio, em audiência com o nosso presidente da República.
Ficou poucos dias, esteve em Petrópolis, foi homenageado e daqui saiu encantado. Nilo Peçanha, em sua trajetória política, mostrou ao País e ao Mundo, uma diplomacia de paz, verberando sempre contra a violência e abominando a guerra.
O município de Petrópolis, onde Nilo e D. Anita possuíam uma vivenda em Itaipava, prestou significativa homenagem a ele, com nome de uma artéria urbana no Centro Histórico e a ereção de um monumento em sua homenagem, inaugurado no dia 19 de novembro de 1933, com a presença da viúva D. Anita Peçanha.