O Covid-19 e a gestão da empresa

06/05/2020 10:00

Quando temos um problema ou dificuldade, é comum aparecer um “palpiteiro”, aquele “dono da verdade”, que oferece uma solução fácil e “mágica”. Ele dá a solução e depois vai embora. E nós? Como ficamos?

E agora, nessa época de pandemia, o que mais temos são “experts” em economia e no nosso negócio. Na verdade, boa parte dessas pessoas amigas e conhecidas tem boas intenções, mas de boas intenções o inferno está cheio.

Ouvimos frequentemente que o vírus vai passar e teremos um “novo normal”. Só que não se sabe o que é esse novo normal. Como será o novo normal na minha vida ou na minha empresa? Vamos cair na real: se o empregador ou empresário não conseguir se estabilizar, o empregado, da mesma forma também não conseguirá. Esta é uma verdade que temos que teremos que enfrentar.

Obviamente ambos os lados deverão fazer concessões. Haverá perdas em cada lado. O que faremos é procurar minimizar tais perdas, em perdas menores. E de que forma? No mínimo fazer algum dever de casa para tentar passar por essa época e torcer para que dure o menor tempo possível.

Uma coisa é certa: é o empresário que irá ditar o destino dos empregados. É ele, que em última instância, definirá o que e como fazer para passar por essa confusão toda. E tudo depende da situação em que a empresa entrou na quarentena.

Vamos dividir essas empresas em dois tipos: as que já estavam com problemas e as que estavam, no mínimo, no zero a zero.

Mas que problemas são esses que podem atrapalhar ou até inviabilizar o retorno de uma empresa ao mercado?

Um dos mais grave deles é utilização de cheque especial de banco que mascarava a real saúde financeira da empresa. Mas aí vem a alguém me pergunta: E os empréstimos formais? Não contam? Se eles estiverem em dia, a princípio, não contam, pois podem ser prorrogados por 60 dias. Mas o cheque especial não terá essa benesse.

E qual o grande mal do cheque especial? O cheque especial permite que o empresário não fique sem dinheiro. E isso engana alguns empresários, já que ele não sente no bolso claramente que está trabalhando com prejuízo. Com o “pit stop” do covid-19, a receita caiu. O uso de cheque especial aumentou a e chegará ao seu limite. E o empresário precisa de mais capital, pois a receita não o complementa da mesma forma que anteriormente.

Para esse empresário, infelizmente, o retorno será muito difícil ou inviável. Sugiro fortemente que, quem está nessa situação ruim, a enfrente e pense em fechar o negócio o quanto antes, corte drasticamente seus custos pessoais e recomece vida nova. 

Analisemos agora o segundo grupo de empresários, aqueles que estavam no zero a zero, que não tem lucro nem prejuízo, o que ele recebe é o que ele gasta. Esse empresário, se estiver com os impostos e empréstimos em dia, tem a chance de utilizar as oportunidades que o governo está oferecendo (suspensão e redução do contrato de trabalho e empréstimo subsidiado para pagamento de salários) e, ainda, e, se necessário, poderá procurar algum empréstimo por linhas do BNDES ou dos próprios bancos, o que deverá ser feito com a indispensável assessoria do gerente bancário.

Mas é apenas isso a ser feito? Não. Será o momento de perceber a importância da gestão e acompanhamento dos números financeiros. A análise desses números periodicamente – diariamente, com acompanhamento do fluxo de caixa e mensalmente, com análise e do desempenho da empresa -, de forma estruturada e consistente, mostrará indícios e tendências de que a coisa está indo bem ou mal. Mostrará o lucro ou prejuízo. E, o mais importante, mostrará se a empresa é viável ou não. E no “pit stop” do covid-19, essa análise deverá ser obrigatoriamente feita para responder as perguntas: minha empresa é viável? Minha empresa estava viável?

Mas os empresários geralmente afirmam que é “muito fácil” verificar se a empresa é viável ou não. Sempre ouço do empresário: “ver isso é fácil, basta ver se estou tendo lucro”. E eu pergunto: qual lucro? Nessa hora ouço aquele grilinho que aparece na TV quando alguém fica mudo porque não entendeu a pergunta do entrevistador. Primeiro porque o empresário acha essa minha pergunta super idiota. Segundo porque ele não entende a pergunta e diz: ué! Lucro é lucro!

Lucro é lucro. Mas qual deles? Lucro operacional ou lucro não operacional? De novo o grilinho! E você? Está ouvindo o grilinho? Aguarde o próximo ou artigo ou entre em contato imediatamente para que possamos, juntos, de fato entender sua posição. mairom.duarte@csalgueiro.com.br – WhatsApp (24) 98114-3677.

* Mairom Duarte é Consultor em Gestão de Negócios e atua há mais de 25 anos em Consultoria de Gestão Empresarial.

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