O custo de Petrópolis
Mantemos Câmara de luxo que nos custa 31,5 milhões por ano, para pouco proveito e muitos pecados por atos e omissões. É muita grana que tiramos dos serviços públicos já à míngua na educação, saúde, segurança, saneamento. Somos 300.000 a viver aqui, cada um tem que pagar R$ 105,00 por ano para custear os edis, seus gabinetes, carros, viagens e todo o bem-bom. Uma família de quatro pessoas, sejam nenéns ou bisavôs, paga R$ 420,00 para sustentar a Câmara. Deve ser por isto que a chamam de Casa do Povo. Deixo claro não ser contra o Legislativo, apenas contra a ilha de bonança e benesses para poucos em que o transformaram.
Todos sabemos que Petrópolis precisará reformar a sua administração pública se quiser escapar de uma crescente dívida. Como fazer, mantendo a Ilha da Fantasia do Palácio Amarelo (de vergonha)? Asseguro que poderíamos ter uma Câmara mais eficiente se cada vereador fizesse jus a uma indenização para cobertura de despesas – trajes, condução, livros, tinta para a impressora – de mil reais por mês. Mais nada, nem gabinetes, nem simpósios em Foz do Iguaçu ou Fortaleza. A mesma austeridade que as pessoas observam nos seus lares. Não pensem que não haveria candidatos, bem ao revés. Seriam mais e melhores, pois movidos pela cidadania e não atraídos pelo “melhor emprego de Petrópolis”. Provo: nunca faltaram candidatos para a Ouvidoria do Povo, desempenhada de graça, e asfixiada pelos vereadores que se recusaram a colocar a sua eleição em pauta pois permitia a comparação entre políticos profissionais e militantes idealistas. A Câmara manteria as Consultorias, agora ao dispor de todos os edis. Ponto e fim. Economia: uns 25 milhões por ano, cem milhões por mandato. E publicando Lei Orgânica e Regimento Interno, aceitando emendas populares, fazendo audiências públicas, lendo e estudando os orçamentos, moralizando a Coperlupos. Quem perderia? Os partidos, que pena. E este seria o benefício direto, sem falar nos subssolos.
Além da Câmara, o custo Petrópolis esconde-se na megaestrutura do Executivo, nos efetivos inchados além da conta, no RPPS acima das possibilidades municipais, nos gastos que geram dívidas impagáveis, nos contratos sem transparência; nos acessos à Cidade em petição de miséria: a BR-040, a Serra Velha, a União e Indústria, a Itaipava-Teresópolis, a estrada de ferro surrupiada. No pedágio caro aqui para que outros não paguem, quem são os pais desta criança? Nas ocupações descontroladas, na inexistência de planejamento – plano de governo é piada de mau gosto – nos imóveis oficiais que nenhum setor controla, no baixíssimo nível médio da atividade partidária. Aproveito para informar que vinte por cento das cotas do Fundo Partidário devem ser destinados às Fundações ou Institutos de formação política; algum cidadão saberia me dizer sobre um real gasto em benefício da capacitação cidadã pelos partidos em Petrópolis? Se houver exceção, me contem, por favor, faço questão de louvá-la. Quem sabe a Rede, o Novo, o PSOL? Porque os tradicionais, eu ficaria surpreso.
Não se trata de caça aos marajás, mas sim de convite ao bom-senso. Nosso Município vai mal das pernas e cabe ao Povo botar ordem no pedaço.