O estapafúrdio e a lógica
Daqui a dois anos, os eleitores de Petrópolis irão visitar as suas seções eleitorais para a escolha de seus novos prefeito e vereadores. Se Brasília demonstrar dois réis de mel coado de bom senso, já poderemos indicar candidatos avulsos em respeito ao direito fundamental de número XX que afirma “ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado”, impedindo a exigência de filiação como condição de elegibilidade.
Curiosamente, o que é óbvio aos olhos dos leigos passou despercebido ao longo de trintas anos aos olhos de quem entende do riscado. E, por favor, acrescentem o Pacto de São José da Costa Rica para arrematar a questão; só restará o receio que imponham tantas condições ao coitado do avulso que a vitória acabará se parecendo com as árvores recém-podadas, uns cotocos. Quem viver, verá.
Há dois outros aspectos a marcar as eleições de 2020 que devem ser considerados: o primeiro, claro, é a vulnerabilidade financeira de Petrópolis, endividada e deficitária, cujos administradores não têm a coragem necessária e suficiente para implantar as medidas requeridas. Responsabilidades deles mesmos, que optaram por seguir a cartilha de seus interesses partidários em vez de estimular a livre gestão participativa. Como a conta será paga pelo povo, os erros não lhes custam caro. Pensar nesta nossa Petrópolis enfraquecida diante de um Estado caótico e de uma União em frangalhos não chega a ser quadro animador. No cenário que já está desenhado, um Município terá que contar com alicerces muito fortes para não sofrer com os furacões e tornados.
O segundo aspecto depende diretamente dos trezentos mil petropolitanos. Ninguém desconhece que o nosso planejamento foi jogado às traças. A Constituição começou a obra nos artigos 182 e 183, confundindo Município com cidade; criou-se o plano diretor de desenvolvimento e expansão urbana, e nada para o resto do município. O Estatuto das Cidades, ao elencar os oito planos municipais, partiu – covardemente – do “plano diretor” que não existe, omitindo o seu aspecto tão somente urbano. E até um Ministério das Cidades criaram, deixando que os Municípios se virassem como quisessem. Para completar o KO, as “propostas defendidas pelo candidato”, viraram “planos de governo” na marra, e flutuamos ao sabor das peçonhentas receitas da “Cidade Sustentável, Viva e Saudável”, chutada pelo “Novo Caminho” que trilhamos à força por mais dois anos, quando nos enfiarão goela abaixo um outro rascunho messiânico.
A não ser que… A não ser que tomemos vergonha e saibamos redigir a primeira parte do Plano Estratégico de Petrópolis, a nossa vontade coletiva, com metas a vinte anos e tendo por primeira etapa as “propostas defendidas pelo Povo” para 2021-2024. Nem é coisa tão fácil, nem é bicho de sete cabeças. O mais difícil? Unirmos forças desde já para impedir mais um ziguezague mortal a partir de 2021. Ninguém tem que liderar nada mas apenas ser mais um. Coloco um email ao dispor dos voluntários a integrar o Exército de Brancaleone: dadosmunicipais@gmail.com. E peço, aos 86 anos: por favor.