O fim da 2ª Guerra Mundial

24/05/2017 08:00

O presidente Trump tem proclamado ao mundo “America First“ e tem aumentado suas dotações militares. Testes com armas atômicas têm estado na moda. Esses e outros desentendimentos semelhantes, deveriam ser estímulos relevantes para a comemoração do Dia da Vitória muito pouco lembrado no dia 8 passado. Esta data tem de ser celebrada com exaltação, recordando os anos de infortúnio e amargura vividos na 2a Guerra Mundial, 75 anos passados, para que eles fiquem distantes de nós. Quem sofreu essa desdita, não esquece mais.

As 23h01 do dia 8 de maio de 1945, foi oficialmente, declarado o término da 2ª Guerra Mundial na Europa, depois de seis anos e 66 milhões de mortos – 74% deles eram civis. Essa guerra foi considerada o maior multicídio que a humanidade já conheceu.

O ato militar da rendição alemã foi assinado no dia anterior, em Reims, pelo general Alfred Jodl, um dos favoritos de Hitler e chefe do Alto Comando Alemão da Wehrmacht, durante a 2ª Guerra. Jodl foi julgado e condenado por crimes de guerra pelo Tribunal de Nuremberg, sendo executado em 1946.

Mas a rendição alemã tinha começado um mês antes, em abril, com a queda de Berlim, o suicídio de Hitler e a captura de mais de 1.500.000 prisioneiros alemães pelas tropas aliadas nas diversas frentes de guerra na Europa. Esses presos foram para o primeiro Rheinwiesenlager, campo de concentração aliado na região do Reno. Nos primeiros cinco meses de atuação do campo, milhares desses prisioneiros morreram por inanição e doenças. O comando aliado tinha considerado os prisioneiros como Forças Inimigas Desarmadas e com essa ficção jurídica, burlou as disposições da Convenção de Genebra de 1929 sobre o tratamento de ex-combatentes. 

Só na Itália foram 800 mil prisões, sendo 14.779 feitas pela Força Expedicionária Brasileira, na Lombardia. A FEB estava enfrentando um batalhão da 148a Divisão de Infantaria Alemã em Ponte Scodogna, quando, no dia 29 abril, o comando brasileiro recebeu parlamentares da divisão alemã para tratar da rendição da sua tropa e da entrega de 4.000 cavalos, mais de 1.500 viaturas, 80 canhões, armas de mão, munição e outros materiais de guerra. 

O final da guerra também provocou outra tocante comoção com a expulsão dos alemães residentes em países da Europa Oriental ocupados por Hitler durante a guerra, como Polônia, República Tcheca, Hungria e outros. Foi uma represália dos habitantes locais pelos maus tratos recebidos durante a ocupação alemã. Moradores há séculos de regiões como a Prússia e a Pomerania, que viraram Polônia depois da guerra,  também foram expulsos.  Assombrados com avanço soviético, esses alemães deixaram suas casas sem a preparação adequada, rumando em direção à Alemanha, agora completamente devastada, sem condição de atender nem a população local. Foram 12 milhões de alemães refugiados que se puseram em marcha e, provavelmente, 30% deles morreram pelas estradas e vilarejos devido à neve, gelo, naufrágios, assaltos, doenças e inanição. Foi também uma marca trágica, menos conhecida, do fim da 2ª Guerra.

A instabilidade internacional, os riscos geopolíticos, as incertezas das grandes potências, podem conduzir a conflitos e são impossíveis de serem previstos e quantificados. Por que os alemães precisavam de uma Segunda Guerra Mundial, se eles haviam perdido a primeira?

Essa a nossa dívida com o Dia da Vitória. Temos não só de celebrar o fim da guerra, mas conhecer como ela ocorreu, suas causas e consequências, para tentarmos afastar do nosso meio essa desgraça que nos ameaça. 


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