O fio de Ariadne

07/11/2016 08:00

Houve uma época, que os atenienses eram obrigados a pagar um tributo ao rei Minos. Tal fato deveu-se ao assassinato de Androgeu, filho de Minos, que ocorreu depois de ter vencido os jogos. O rei, indignado com o fato, impôs aos atenienses severo castigo. Eles deveriam, a cada ano, enviar sete rapazes e sete moças, escolhidos mediante sorteio, para alimentarem o Minotauro, furioso animal, metade homem, metade touro, que vivia encerrado no labirinto.

Esse labirinto, um capricho do rei Minos, era um estranho palácio repleto de corredores, curvas, caminhos e encruzilhadas, onde uma pessoa se perdia, jamais conseguindo encontrar a saída depois de transpor a sua entrada. Era aí que ficava encerrado o terrível Minotauro, que espumava e bramia, jamais se fartando de carne humana. Havia três anos que Atenas pagava o pesado tributo e suas famílias choravam a perda de seus filhos. Teseu resolveu preparar-se para enfrentar o monstro, oferecendo sacrifícios aos deuses e indo consultar o oráculo de Delfos. Invocado o deus, a pitonisa informou a Teseu que ele resolveria o caso desde que fosse amparado pelo amor. Encorajado, Teseu fez-se incluir entre os jovens que deveriam partir na próxima leva de "carne para o Minotauro". Ao chegar a Creta adquiriu a certeza de que sairia vitorioso, pois a profecia do oráculo começou a realizar-se. Com efeito, a linda Ariadne, filha de Minos, apaixonou-se por Teseu e combinou com ele um meio de encontrar a saída do terrível labirinto. Um meio bastante simples: apenas um novelo de lã. Ariadne ficaria à entrada do palácio, segurando o novelo que Teseu iria desenrolando à medida que fosse avançando pelo labirinto. Para voltar ao ponto de partida, teria, apenas, que ir seguindo o fio que Ariadne seguraria firmemente. Cheio de coragem, Teseu penetrou nos sombrios corredores do soturno labirinto. A fera, mal pressentiu a chegada do jovem, avançou, furiosa, fazendo tremer todo o palácio com a sua cólera. Calmo e sereno, esperou sua arremetida. E então, de um só golpe, Teseu decepou-lhe a cabeça. Como várias lendas gregas eram passadas através da tradição oral, muitas variantes deste e de outros mitos existem. Na mitologia grega, o labirinto de Creta teria sido construído pelo arquiteto Dédalo para alojar o Minotauro. De acordo com uma versão da lenda, Minos atacou Atenas após seu filho ter sido assassinado. Os atenienses tiveram de providenciar reparação, na forma do sacrifício de jovens que regularmente eram oferecidos ao Minotauro. Em um ano, o grupo sacrifical incluiu Teseu, um jovem que se apresentou como voluntário para matar o Minotauro. Ariadne se apaixonou por ele à primeira vista, e o ajudou dando-lhe uma espada e um novelo de lã vermelha que ela estava fiando, para que ele pudesse achar seu caminho de volta do labirinto do Minotauro. Um labirinto é constituído por um conjunto de percursos intrincados criados com a intenção de desorientar quem os percorre. Em vários momentos da nossa vida parecemos estar em um labirinto e, a princípio, não encontramos a sua saída. Perseverança, paciência, intenção e disciplina, nos parecem uma boa receita. Às vezes as soluções para os nossos problemas estão ao alcance das nossas mãos e nós não esticamos os braços para segurá-las. Lembre-se sempre que o fio de Ariadne está dentro de você.

Errata: no artigo anterior “Lua dos três rostos” devemos desconsiderar a frase “Faz 25 anos que o homem pisou na Lua pela primeira vez”, já que a data certa de tal fato, conforme comunicado, à época, pela mídia, foi 16.07.1969. Agradeço ao leitor que me alertou do engano e peço desculpas aos outros pela ocorrência.

achugueney@gmail.com

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