O Flautista de Hamelin no Theatro D.Pedro

01/04/2016 08:45

A Satura Cia de Teatro e a Benvenuto Cia Teatral se uniram para a montagem do espetáculo musical infanto-juvenil “O Flautista de Hamelin”, que terá apresentação única, domingo (3), no Theatro Dom Pedro. A História faz uma releitura teatral da famosa e intrigante lenda medieval que foi difundida pela tradição oral germânica com origem datada no ano de 1284. A pacata cidade de Hamelin é invadida por ratos. O Rei oferece uma recompensa a quem acabar com a praga. Após as tentativas fracassadas de alguns candidatos, um Flautista errante consegue com sua flauta mágica encantar os ratos e eliminá-los. O mandatário não reconhece o trabalho feito pelo músico que, em protesto, leva embora todas as crianças da cidade. 

A versão oferece algumas novidades – tanto perante a história original, quanto às demais versões conhecidas (inclusive a dos Irmãos Grimm, publicada em 1816). Além da presença de outros candidatos que tentam ganhar a recompensa, essa nova montagem apresenta a figura da Princesa (vivida pela atriz Christiane Carvalho) que tem papel decisivo na trama. Ela se coloca como figura intermediária na negociação entre o Flautista (Marco Aurêh, que também é o autor do texto, das músicas e da direção) e o Rei (Nathan Cardoso). O conflito aumenta quando a Princesa se apaixona pelo Flautista (que para retornar com as crianças, exige, além da recompensa em dinheiro, a sua mão em casamento) para desespero de seu pai. A narração que retrata os encantamentos provocados pelo som da flauta foi inspirada no poema de Robert Browning, poeta inglês que sacramentou a lenda em publicação de 1842 (observem que este ano tem os mesmos números do ano considerado de origem da fábula). 

A Corte de Hamelin é decadente e suja. Tanto no sentido figurado quanto no próprio; a sujeira da corrupção e a sujeira do lixo são evidentes, prato feito para a invasão dos roedores. O ridículo em pompa e circunstância. Através de tons farsescos, o espetáculo toca na moralidade. Critica a má administração pública, a falta de ética, o preconceito à arte e ao artista de rua, principalmente. 

O tom básico da interpretação segue a linha da Farsa. O humor bufão remete à Commedia Dell’arte. A música é executada ao vivo e foi composta originalmente para o espetáculo. Ela permeia as principais ações dramáticas. O som mágico da flauta é o principal elemento musical da trama. Os figurinos de época acentuam o clima medieval do conto original. 

As situações cômicas giram em torno da relação do Bobo da Corte (Rodolfo Medeiros) com o Rei, figura tosca, arrogante e insensata que recebe o apoio incondicional do seu Conselheiro real (Fábio Branco), emissário do clero e da “sabedoria” institucionalizada. Esses três personagens representam o governo e suas mazelas; o Flautista e a Princesa concebem o masculino e o feminino em relação romântica, bem como a união íntima de classes sociais distintas. O espetáculo é um musical infanto-juvenil. A beleza e a simplicidade dos temas musicais inspirados no cancioneiro da idade média transparecem em vários momentos da encenação, como no dueto entre a flauta e a voz soprano da Princesa de Hamelin. 

A encenação é dinâmica e integra diferentes linguagens. Além do ator em cena, há o teatro de animação com bonecos de vara e luva (Cia Articulação), máscaras (confeccionadas por René Amaral) e teatro de sombra. A ação se desenrola em planos diferenciados. Os figurinos de época (desenhados por Kiko Arantes) acentuam o clima medieval do conto original. Fruto da devassa provocada pela praga de roedores que invadiu a cidade, os trajes são rotos, roídos, malhados, escorraçados, porém, elegantes. Vale viajar no tempo e conferir essa intrigante saga medieval. 

Serviço:

O Flautista de Hamelin – Espetáculo musical infanto-juvenil

Direção de Marco Aurêh

Local: Theatro D. Pedro

Dia: 03 de abril

Classificação Livre

Encenação: Satura & Benvenuto Cias teatrais

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