O ganho do Governo
Domingo passado, tivemos a manifestação da chamada direita, que foi às ruas em defesa das propostas de Bolsonaro, cujas pautas eram a aprovação da PEC 870 (reforma administrativa e enxugamento do número de Ministérios), o pacote anticrime de Moro e a reforma da previdência.
Primeiramente, a adesão foi bem maior que a esperada, patenteando que o bolsonarismo ainda desperta o anti sistema.
Essa constatação preliminar nos mostra que a manifestação pró governo passou a ser uma coisa (ou um ponto fora da curva ) interessante de ser analisada, na medida em que a democracia não se resolve numa guerra de números de rua (quem levou mais pessoas às ruas, direita ou esquerda) mas deu mostras que o governo tem força política.
O apoio à reforma da Previdência reforça a posição do governo; não a correlação de forças, mas garante ao governo um grande ganho na relação. Outrossim, também reforça a posição de Paulo Guedes e Sérgio Moro, deixando mais uma mancha na figura de Rodrigo Maia.
Vale lembrar também, o ineditismo no mundo de pessoas apoiando a pauta de uma reforma impopular e estrutural, como bem lembrou o cientista político Bernardo Santoro, ainda durante o transcorrer das manifestações.
Como resultado prático, já na terça-feira, próxima passada, o presidente, seu chefe da Casa Civil Oxix Lorenzoni, Rodrigo Maia, Davi Alcolumbre e Dias Toffoli se reuniram e assinaram um protocolo de intenções pró-desenvolvimento e pró-reformas que ficou denominado de "pacto conjunto de metas e ações". Inclusive, com Rodrigo Maia anunciando colocar em votação a reforma da Previdência nos próximos 15 dias.
Quanto ao ganho das manifestações, fica patenteado portanto que as manifestações melhoram as condições de negociação do governo no tabuleiro político do Congresso. Isto é evidente. Não é possível chegar à conclusão inversa, que li de alguns analistas, segundo a qual o sucesso dos movimentos faria mal ao governo. Não fez e não faz.
Para concluir, eu mesmo não esperava tanto; foi bem melhor do que eu poderia imaginar. Não se pode mais negar que o povo quer as mudanças.