O governo, a crise e os aposentados
É inegável que o país atravessou e continua atravessando sérios percalços em razão de decisões equivocadas, especialmente adotadas a partir do segundo mandato da Presidente Dilma Rousseff.
Por outro lado, o Legislativo, também no meu entendimento, não agiu, de forma determinante, no sentido de possibilitar a retirada do país da terrível crise em que mergulhou. Ao contrário, o plenário da Câmara, que melhor deveria ser intitulado palco, foi transformado num ambiente de desentendimentos, da cultura ao ódio, da total falta de bom senso por parte dos parlamentares e, posso afirmar, de desrespeito ao povo brasileiro, naturalmente, com honrosas exceções a serem comemoradas; por isso mesmo, o ano de 2015 e parte deste, transcorreu “in albis” aos olhos dos parlamentares e, em particular, do povo que assistia, à distância, estupefato, os “espetáculos” ocorridos em Brasília.
A destacar, na Câmara dos Deputados, além de algumas matérias objeto de votação, o impeachment da Presidente.
Afastada do Poder, assume interinamente o Vice-Presidente Michel Temer.
A partir desse momento surgem novas medidas com a finalidade de retirar o país do atoleiro; os Poderes passam a melhor dialogar e acaba-se por perceber que uma considerada parcela da população começa a acreditar em dias melhores.
O Presidente em exercício, conclama a todos a que esqueçam a palavra crise.
Observa-se, entretanto, que outra parcela se nega a aceitar o novo governo transitório, intitulando-o de golpista.
É verdade, que os resultados que vêm surgindo são relativamente inexpressivos se comparados ao escandaloso “rombo” das contas públicas.
E o governo interino seguindo sua trajetória, ora com a adoção de medidas intervencionistas, no campo econômico, visando debelar, principalmente, a inflação, ora “apagando incêndios” em razão de declarações estapafúrdias partidas de “estrelas de primeira grandeza”, integrantes da cúpula governamental.
Porém, o que se pretende comentar, encontra-se em destaque neste mesmo Jornal, edição 13/08, em manchete: “Déficit no INSS pode ameaçar aposentados”.
Já na pág. 3, ainda sobre o mesmo tema, o Ministro Chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, defende a reforma da Previdência Social, inclusive com veladas ameaças se acaso o governo não ver concretizada a medida.
E conclui S. Exa. que na impossibilidade de amenizar os déficits, “…. não vai haver mais a garantia do recebimento da aposentadoria pelos beneficiados”.
Pobres aposentados, que são escolhidos como responsáveis pelo pagamento da conta que deveria ser honrada por aqueles que assaltaram o erário.
Aos aposentados, na verdade, nesse triste trânse que atravessa o país, só lhes resta desempenhar o papel de tímidos espectadores, a propósito da grande balbúrdia em que se transformou, e nada mais aguardam, com absoluta certeza, a não ser perceberem suas aposentadorias nas datas aprazadas, especialmente livres das veladas ameaças.